terça-feira, 31 de dezembro de 2013


 
 
 
UMA PEQUENA HISTÓRIA BÍBLICA

Efraim era o criado favorito de um bem sucedido negociante chamado Salatiel, que morava numa aldeia ao norte do Monte Gaás. Ele era o criado favorito por ter sempre agido com ética e retidão, exercendo o seu trabalho com zelo e respeito, qualidades dedicadas às funções que lhe eram atribuídas.
Salatiel era um homem muito rico e muito justo, e buscava tratar todas as pessoas com as quais convivia – criados, parentes, clientes e outros comerciantes – com muito respeito e consideração.
Certo dia, Salatiel chamou Efraim e lhe confiou o seu cofre, pois iria se ausentar por algumas semanas e queria ter certeza de que seu patrimônio estaria bem cuidado.
Efraim garantiu ao patrão que zelaria pelo tesouro como se zelasse pela própria vida, e Salatiel partiu confiante em que faria bons negócios nas cidades para onde estava indo e que seu dinheiro estava em boas mãos.
Na verdade, Salatiel havia escondido a maior parte da sua fortuna numa caverna onde apenas ele sabia a localização. Deixara com Efraim apenas um cofre contendo 100 moedas de ouro, e o que fazia na verdade era mais um teste de fidelidade, pois não havia a real necessidade de que um criado guardasse o seu tesouro.
Por ser o favorito do comerciante, Efraim era um constante objeto da inveja do restante da criadagem, e assim que o patrão desapareceu no horizonte, Azarias, que mantinha uma certa liderança sobre os outros criados, maquinou uma história para deslustrar a imagem do favorito aos olhos de Salatiel e se colocar no seu lugar como favorito.
Mesmo sem saber o valor contido no cofre, ele resolveu denunciar ao patrão quando da sua volta que Efraim havia aberto o cofre e surrupiado algumas moedas.
Dito e feito.
Quando Salatiel voltou, ele foi informado por Azarias e pelos outros criados que Efraim havia traído a sua confiança, aberto o cofre e roubado algumas moedas. E os criados foram além, dizendo ao chefe que da próxima vez em que ele se ausentasse, era em Azarias que Salatiel devia confiar, pois Efraim não se mostrara digno de tal confiança.
Desgostoso com o problema, pois depositava inteira confiança em Efraim, Salatiel decidiu averiguar. Primeiro, abriu o cofre e contou as moedas. Ficou satisfeito com o que viu e sentiu um grande alívio por saber que seu julgamento sobre Efraim era justo e correto. O cofre continha as exatas 100 moedas de ouro.
Ao mesmo tempo Salatiel ficou triste por saber que a sua casa abrigava víboras como Azarias e pensou na melhor maneira de puni-lo.
Como não era um homem violento e como, na verdade, seu patrimônio não havia sido lesado, Salatiel decidiu que faria apenas um breve discurso.
Reuniu a criadagem, relatou o fato e declarou que sob o seu teto só poderiam ficar aqueles que tivessem a alma pura e bons propósitos. Acusações infundadas e a disseminação da discórdia entre irmãos eram atos do demônio e isto não poderia ser tolerado.
Finalizou dizendo: “Quem inventa maldades a respeito do seu próximo, denunciando que ele esteja fazendo mal feitos, demonstra um caráter mesquinho. Quem espalha notícias sem comprovação da sua veracidade é porque tem na sua mente a mesma sujeira que perpetrou para incriminar um inocente. Nunca acreditei que Efraim fosse capaz de me trair ou de agir com improbidade, mas agora passo a acreditar que, no seu lugar Azarias teria agido sem retidão, pois sua cabeça é capaz de conceber tal vilania. Que este exemplo sirva de lição a todos os que procuram se elevar em detrimento de outros. Agindo com nobreza e dignidade, todos terão a sua vez, mas usando a língua viperina e atitudes escusas estarão se afastando da credibilidade e de Deus”.

31.12.2013