sábado, 11 de dezembro de 2021

 


EU E A MÚSICA

6º LENÇÓIS JAZZ & BLUES FESTIVAL

Eu sou uma ave canora.
Vindo de uma família de cantores, eu me recordo das cantatas informais que alegravam nossas reuniões familiares desde os meus tempos de criança até o engrossar da voz– o avô com as suas canzonetas, o pai barítono, o tio tenor, a tia com o seu vozeirão de prima-dona, o primo se esforçando na voz do baixo, o irmão fazendo a voz principal e eu me arriscando na segunda voz.
Daí, para os encontros das escolas de samba de São Paulo e os programas de rádio que versavam sobre a matéria, foi um pulo. Vila Madalena fervia.
Descobri que a vida é um grande palco com plateia onde alguns cantam e tocam e outros se divertem acompanhando e ouvindo. Eu conseguia ficar dos dois lados.
Depois, veio São Luís com seus saraus.
Assim, passei a vida toda cantando ao microfone ou fora dele, em festinhas descompromissadas, em salões solenes e comportados, nas mesas de bar noite afora e nas históricas ruas ludovicences quando abria o peito de valsas e canções com grupos de seresteiros e violeiros.
Minha iniciação profissional em São Luís, com direito a divulgação, público e cachê se deu no ano de 2001, exatamente num dia 13 de dezembro, numa noite sem lua.
Restaurante Áureus, Rua Isaac Martins, cantando jazz em contraponto com a cantora Célia Maria e seu repertório refinado. Os músicos – Paulo Lima, piano, Celson Mendes, violão, e Pedro Duarte, sax-tenor, um time de escol, pra começar.
Então começou a saga, com apresentações emocionadas em bares, restaurantes, teatros, solenidades, praças públicas, casamentos e festas familiares – cerca de 500 registradas nos meus arquivos implacáveis.
Eu sou um cantor que gosta de cantar, que se entrega ao ofício do canto e que se identifica com o público na emoção e na alegria.
Defeitos de ofício? – sim, os tenho, e vou abrir a minha alma. Sinto um certo desconforto em ensaiar e em “passar o som”. Faço tudo isso sempre que necessário, mas tenho comigo a definitiva impressão de que na hora da apresentação a mágica do espetáculo faz com que tudo fique bem mais vibrante e diferente. Também não gosto de gravar em estúdio, pois tudo soa meio artificial.
Algumas apresentações se afiguram como memoráveis, pelo charme, pela importância, pelo envolvimento do público e pelo caráter do evento, mas possivelmente a que tenha sido mais marcante foi a mágica apresentação no 6º Lençóis Jazz & Blues Festival realizado em 8 de abril de 2014 na Praça Maria Aragão superlotada, na companhia de Marcelo Rebelo (teclados), Pedro Duarte (sax-alto), Sergio Mariano (contrabaixo acústico e elétrico) e Fleming Bastos (bateria), tendo como ilustres convidados especiais os cantores Fernando Carvalho e Camila Boueri. No repertório, “Lullaby of Broadway”, “Georgia On My Mind”, “New York, New York” e “Hello Dolly”, entre outras músicas representativas do estilo. Tudo impecável e muito chique.
A antiga revista “Seleções da Reader’s Digest” tinha uma seção denominada “Meu tipo inesquecível”. Por todos os ingredientes – produção, presença de músicos de diferentes lugares do país, participação do público – esse Lençóis de 2014, em que pesem todas as emoções e alegria proporcionadas pelas apresentações e bares e restaurantes (na verdade, o que eu realmente gosto de fazer), foi o meu show inesquecível.
Vai aqui um abraço especial e minha gratidão ao amigo Tutuca Viana, idealizador e realizador do evento.   

 

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

 


POEMA FELIZ

(Augusto Pellegrini)

Felicidade foi-se embora
Escapuliu pela janela
De uma casa pequenina
Pois você não estava nela

Ela é leve como a pluma
Levada ao leu pelo vento
Não para de forma alguma
Inquieta a cada momento

E também brilha no ar
Como se fosse uma estrela
Só quem não percebe o brilho
É aquele que não quer vê-la

A felicidade existe
É só uma questão de ter
É viver na companhia
Daquele que se quer bem

Trechos de felicidade
Extraídos da algibeira
De Seu Jorge, Arlindo e Lupe
Janeci, Fabio e Moreira

São poetas que retratam
Felicidade sem fim
Versejada por Toquinho
Vinicius e Tom Jobim

Felicidade é um momento
O espocar de uma centelha
Mas pode ser bem marcante
E durar a vida inteira

Basta você regressar
Pra mim, naquela casinha
Que a felicidade volta
Para ser minha, todinha

 

Janeiro 2020