sexta-feira, 16 de abril de 2021

 


AS CORES DO SWING
           (Livro de Augusto Pellegrini)

BANDLEADERS E DISCOGRAFIA


JERRY GRAY (1915-1976) 

Nome completo – Generoso Graziano

Nascimento – East Boston-Massachusetts-EUA

Falecimento – Dallas-Texas-EUA

Instrumento – violino

 

Comentário – Apesar de ter sido um violinista prodígio quando criança, Jerry Gray não se dedicou seriamente a nenhum instrumento em particular, preferindo estudar arranjo e composição. Ele foi bem-sucedido na sua escolha, pois iniciou a carreira de arranjador trabalhando para duas das melhores bandas de swing jamais existentes. Em meados dos anos 1930, ainda muito jovem, ele começou na orquestra de Artie Shaw onde acumulou as funções de arranjador e primeiro-violino, e foi responsável pelo sucesso de diversas músicas gravadas pela banda, como “Any Old Time”, “What Is This Thing Called Love?”, “Carioca”, “Softly, A In A Morning Sunrise” e “Begin The Beguine”. Em 1939 ele se transferiu para a orquestra de Glenn Miller, onde cuidou da maioria dos arranjos que tornaram a banda inesquecível, como “Pennsylvnia 6-5000”, “American Patrol”, “Chattanooga Choo-Choo” e “String Of Pearls”. Quando Glenn Miller se alistou no exército e partiu para a frente de batalha, Gray também se alistou e acompanhou a orquestra, ocupando o posto de sargento, lá permanecendo até 1944, quando Miller morreu. Com a morte de Glenn Miller, Jerry Gray deu continuidade às atividades da orquestra, cumprindo todos os compromissos agendados, até que voltou para os Estados Unidos e formou a sua própria banda. Jerry Gray incorporou à sua orquestra o estilo da Orquestra Glenn Miller (que na verdade era o seu próprio estilo, pois ele era não só o arranjador da orquestra como o compositor de algumas músicas), dando início a uma tradição que jamais morreu – a das orquestras-clones que apareceriam com o som de Glenn Miller. Percebendo, no entanto, que não possuía o perfil exigido para comandar uma orquestra, Jerry Gray resolveu abandonar a tarefa e trabalhar como consultor musical e arranjador para diversos estúdios de Hollywood até o final dos anos 1950, para depois se dedicar ao trabalho de arranjador independente para músicos e para cantores. Jerry Gray manteve-se em atividade como músico durante meados dos anos 1930 até o fim da década de 1960.

 

Algumas gravações 

American Patrol (Frank W.Meacham)

Autumn Serenade (Peter DeRose-Sammy Gallop)

Blue Rain (Johnny Mercer-Jimmy Van Heusen)

I Can’t Give You Anything But Love (Jimmy McHugh-Dorothy Fields)

In The Gloaming (Meta Orred-Annie Fortescue Harrison)

In The Mood (Andy Razaf-Joe Garland)

Johnson Rag (Jack Lawrence-Guy Hall-Hilney Kleinkauf)

Homesick, That’s All (Gordon Jenkins)

Minuet In G (Ignace Jan Paderewski)

Pennsylvania 6-5000 (Bill Finegan-Jerry Gray-Carl Sigman)

Poinciana (Nat Simon-Buddy Bernier)

Rhapsody In Blue (George Gershwin)

Serenade In Blue (Mack Gordon-Harry Warren)

String Of Pearls (Jerry Gray)

Sun Valley Jump (Jerry Gray)

Tuxedo Junction (Erskine Hawkins-Julian Dash-Buddy Feyne-William Jonhson)

 

quinta-feira, 15 de abril de 2021

 


A VIOLA DO ZÉ DA ROSINHA

(Augusto Pellegrini)

 

José Brito de Oliveira, filho de dona Rosinha engomadeira, o mais talentoso entre os oito paridos, era um poeta-cantador de seis a doze cordas.

Zé da Rosinha – como era conhecido – era o vate musical de Catolé do Mato, o tom maior que movia as engrenagens da vida pacífica do lugar, um tangará atrevido, um Guido D’Arezzo dos trópicos, um menestrel de dedeira.

           Até que um dia o si-lá-sol calou, o verso impudico quebrou e o colibri amanheceu com a voz fífia. Roubaram a viola do Zé da Rosinha.

O culpado só podia ser o mal-afamado Agostinho, cuja reputação que ia de trapaceiro a ladrão já ultrapassara os limites da cidade e chegara além fronteiras nas cidades vizinhas, de Cajazinho a Ximangó.

O roubo da viola foi assunto de grande repercussão num lugarejo desacostumado a escândalos desse tipo.

O caso foi, é claro, parar na delegacia, e o delegado-juiz mandou chamar Agostinho para depor diante de todos os envolvidos – vítima, testemunhas e enxeridos – numa verdadeira execração pública.

A lengalenga foi arrastada – “onde estava? a que horas? quem? onde? por que?” – e as respostas de Agostinho já vinham prontas – “ não sei, não me lembro, não conheço, não sei tocar viola, não faço a mínima ideia...”.

Lá pelas tantas, depois de horas de negativas e amolações, o delegado, já extenuado e convencido de que iria continuar dando voltas como um cachorro à cata do próprio rabo, resolveu encerrar a sessão por absoluta falta de provas e declarou, na forma da lei – “considerando o álibi apresentado pelo acusado, a pouca evidência mostrada nos depoimentos e a consequente insuficiência de provas, vejo-me na obrigação de absolver o senhor Agostinho Oristânio Marreca”.

Álibi? Evidência? Absolver?

Na cabeça de Agostinho martelava a frase final do delegado-juiz como um gongo chinês – “vejo-me na obrigação de absolver o senhor Agostinho Oristânio Marreca...”.

Todos olharam para a cara de pasmo do já desacusado, esperando por uma reação – um sorriso, uma zombaria, um gemido de alegria, um estertor de alívio – mas o que ouviram foi uma voz fraca, combalida, balbuciante, tartamudeante.

“Faça isso não, doutor, esse negócio de absolver. Faça isso não que eu “adevolvo” a viola pro Zé da Rosinha...”.

    

 

 

quarta-feira, 14 de abril de 2021

 


NOVOCABULÁRIO INGLÊS

(Copyright FluentU) 

(ver tradução após o texto)

 

GOBBLEDYGOOK 

Close your eyes for a second and think of a turkey. What sound does it make? Does it sound something like “gobble, gobble, gobble”? That’s exactly where this word came from. Created from the meaningless sound that turkeys make, GOBBLEDYGOOK was originated in the 1940’s to mean words that are nonsense or have no meaning. It also describes when people use too many technical words and so other people can’t understand what they’re saying.

 

            “The Director was talking a load of GOBBLEDYGOOK in that meeting. I have no idea what he wants!”


             “Here comes that politician again, to start his usual GOBBLEDYGOOK”

 

            

            TRADUÇÃO

 

BLÁBLÁBLÁ

Feche seus olhos por um instante e pense num peru. Qual é o som que o peru emite? É alguma coisa parecida com “glugululu glugululu”? Esta palavra – GOBBLEDYGOOK – veio daí. A palavra é originária dos anos 1940 e é usada para indicar “palavras sem sentido ou sem significado”, mas também descreve quando as pessoas usam muitos termos técnicos ou eruditos de modo que os outros têm dificuldade em compreendê-lo.

 

“O Diretor falou um monte de blábláblá na reunião, que eu não faço a menor ideia do que ele está querendo”

“Lá vem aquele político de novo para começar com o blábláblá habitual...”



(Trecho falado pelo humorista José Vasconcelos no seu “talk-show” “Eu Sou o Espetáculo”, quando ele imitava o discurso de um político: “Meus e minhas:

O meu partido tem uma asobrejética camaleosa que vem me lacinar nas conjitivas abserveáceas para conspurcar a crisocilácia dos acarinídeos em posercitólio. 

E com que sastifação manifesto a cermenêutica na pretuberância das efervecências securitárias que catilinam a mesocerbácea para enoblefar a dianocésia purificosa das lotarinoceas!”)

 

 

terça-feira, 13 de abril de 2021

 


FAÇA DE CONTA 

(Samba de Augusto Pellegrini e Nelson Gengo) 1978

 

Faça de conta que tudo

Não passou de intriga

E a briga que existiu

Foi sem querer

Vamos rever o passado

E esquecer nossas vidas

Avaliando a situação

Prometendo não mais

Reviver a dor

 

Eu não chorei pelo que aconteceu

E nem pelo dissabor que me aborreceu

 

Vivi

Sempre sentindo saudade

Fugindo da realidade

Tentando esquecer teus apelos

Senti

Senti dentro de mim um aperto

Neste momento te peço

De braços abertos espero

Pelo teu regresso

 


 


CARTA DE AGRADECIMENTO

(Augusto Pellegrini)

Primeiramente eu queria
Te agradecer pelo dia
Que ontem passamos juntos
Embora ao lado de amigos
Consegui ficar contigo
Pra lembrar nossos assuntos

Depois de um tempo afastados
Tivemos enfim o cuidado
De trocar velhas lembranças
Dos nossos anos dourados
Eu, cabelo despenteado
E tu cabelo de tranças

Tanta alegria e tristeza
Colocamos sobre a mesa
Como fosse um manjar fino
Relembramos tanta coisa
Até onde a mente ousa
Sem cometer desatino

Disfarçamos nossos erros
Ressaltando erros alheios
Como uma autodefesa
Faz-de-conta faz um conto
Celebramos nosso encontro
Com muito vinho e cerveja

Como se fosse um espelho
Nós dois, um pouco mais velhos
Nos sentamos face a face
Dois personagens na cena
Tivemos a tarde inteira
Pra caprichar no disfarce

Espero vê-la outra vez
Daqui a um ano, ou um mês
Pra arrematar a conversa
Esquece aquele pedido
Que nunca foi concedido
Hoje eu não tenho mais pressa

Minha cara confidente
Eu fiquei muito contente
De com você conversar
Qualquer coisa, manda um plá
Pra gente se reencontrar
Dia desses, de repente

  

Agosto, 2019

 


AS CORES DO SWING
           (Livro de Augusto Pellegrini)

BANDLEADERS E DISCOGRAFIA


JELLY ROLL MORTON (1890-1941)

Nome completo – Ferdinand Joseph La Menthe

Nascimento – Gulfport-Louisiana-EUA

Falecimento – Los Angeles-Califórnia-EUA

Instrumento – piano

 

Comentário – Jelly Roll Morton é considerado um dos maiores músicos da história do jazz, sendo diretamente responsável pelos caminhos que o jazz tomou no início do século vinte. Apesar de visionário – ele se outorgava o título de “o inventor do jazz e do stomp” – Morton foi realmente um dos inovadores que permitiram ao jazz enveredar pelos caminhos por onde enveredou, adicionando à estrutura do ragtime a sutileza da blue note e a inversão rítmica do off-beat, possibilitando assim uma nova harmonia e uma nova pulsação. Morton também foi um dos primeiros grandes compositores de jazz. São suas as músicas “King Porter Stomp”, “Wolverine Blues”, “The Pearls”, “Mr.Jelly Lord”, “Buddy Bolden Blues” e “Wild Man Blues”, entre outras. Quando criança, Morton aprendeu a tocar a harmônica (gaita de boca) e o trombone, antes de descobrir o ragtime e o piano. A partir dos dez anos de idade ele passou e se dedicar integralmente ao piano, instrumento que no qual foi um virtuose. Ainda adolescente, ele tocou em diversos cabarés de Storyville, o bairro boêmio de Nova Orleans, até que em 1917, com o fechamento de todas as casas, ele se obrigou a excursionar, se apresentando como ator, cantor e pianista em grupos de vaudeville. Depois, Morton se fixou em Los Angeles até 1922, ficando também algum tempo em Houston, onde se juntou à banda McCabe’s Minstrels, que fazia uma espécie de teatro musicado, vagando então por boa parte dos Estados Unidos – Saint Louis, Kansas City, Richmond, novamente Los Angeles e finalmente Chicago, a nova Meca da música, onde gravou soberbos solos de piano e onde montou uma banda chamada The Incomparables. Mais tarde Morton reuniu alguns dos melhores músicos do estilo chicago e formou a banda Red Hot Peppers, realizando diversas gravações para a Victor. Em 1928, sentindo que o centro do jazz estava se deslocando para Nova York, Morton se dirigiu para lá. No entanto, havia chegado a época da Depressão, e ele começou a encontrar dificuldades, até porque com a chegada do swing a sua música passou a ser considerada um pouco fora de moda. Morton ficou na obscuridade durante algum tempo, para reaparecer em 1939. Sua saúde debilitada, no entanto, ofuscou o brilhantismo das suas apresentações. Jelly Roll Morton morreu em 1941, aos cinquenta anos, e não teve tempo de ver o quanto o mundo do jazz viria a reverenciar a sua obra.

 

Algumas gravações 

Beale Street Blues (William Christopher Handy)

Buddy Bolden’s Blues (I Thought I Heard Buddy Bolden Say) (Jelly Roll Morton)

Dead Man Blues (Jelly Roll Morton)

Doctor Jazz (King Oliver-Walter Melrose)

Georgia Swing (Jelly Roll Morton-Santo Pecora)

Kansas City Stomp (Jelly Roll Morton)

King Porter Stomp (Jelly Roll Morton)

London Blues (Jelly Roll Morton)

Maple Leaf Rag (Scott Joplin)

Mr.Jelly Lord (Jelly Roll Morton-Walter Melrose)

Panama (William Tyers)

Pretty Lil (Jelly Roll Morton)

Shrevenport Stomp (Jelly Roll Morton)

The Crave (Jelly Roll Morton)

The Pearls (Jelly Roll Morton)

Wild Man Blues (Jelly Roll Morton-Louis Armstrong)

Wolverine Blues (Jelly Roll Morton)