sábado, 27 de março de 2021

 


JARDIM ABANDONADO

(Augusto Pellegrini)

Há muito tempo este portão não abre
Está trancado a chave e cadeado
Gonzos estão cobertos de azinhavre
E o ferro se desfaz, enferrujado

Lá dentro o mato já se assenhoreia
E teimosas florezinhas se apresentam
Tentando dar beleza à coisa feia
Que a incúria e o desleixo representam

O lado de dentro um dia foi jardim
Cuidado foi com diligência e esmero
Mas desavenças puseram um fim
E em pouco tempo veio o desespero

Hoje não há jardim, portão não há
Tampouco a natureza em pleno viço
Canteiro bem tratado, isso também não há
Somente a decadência e o descompromisso

A derrocada em tudo se denota
Retrato infame do que um dia foi belo
Só vejo as ruínas daquele castelo
Uma aridez onde a saudade brota

 

Fevereiro 2019

 

 

 





sexta-feira, 26 de março de 2021

 


NOVOCABULÁRIO INGLÊS

(Copyright Cambridge) 

(ver tradução após o texto)

 

KERFUFFLE 

Strange as it may be, this word has been around since the early 1800s. There are two ideas as to how it came to English. It probably came from either Scottish Gaelic or from Celtic Irish, the languages that were used historically in Scotland and Ireland. It means to make a fuss or a bother, mostly unnecessarily and usually when people have different points of view, a minor disagreement that makes quite a bit of noise. 

 

            “Did you hear all that kerfuffle in the office today?”   

            “Due to yesterday’s kerfuffle, I will be leaving the community.”    

            “The cat was so kerfuffled you could hardly see it under all the fur.”                   

           

                        

TRADUÇÃO

 

CONFUSÃO BARULHENTA E DESNECESSÁRIA

Pode parecer estranho, mas a palavra KERFUFFLE é usada desde o início dos anos 1800. Existem duas teorias sobre como ela surgiu no vocabulário inglês – provavelmente ela se deriva do gaélico falado na Escócia ou do celta falado na Irlanda, idiomas historicamente falados nesses países. KERFUFFLE significa fazer confusão a troco de nada, normalmente quando as pessoas têm um ponto de vista diferente, ou seja, uma barulheira danada por conta de um pequeno desentendimento.

“Você ouviu toda aquela confusão hoje no escritório?”

“Devido à discussão de ontem eu vou sair da sociedade.”  

“O gato estava tão estressado que você quase não conseguia vê-lo debaixo de um monte de pelos”.

 

 

 

 


AS CORES DO SWING
           (Livro de Augusto Pellegrini)

BANDLEADERS E DISCOGRAFIA


GERALD WILSON (1918-2014) 

Nome completo – Gerald Stanley Wilson

Nascimento – Shelby-Mississipi-EUA

Falecimento – Los Angeles-California-EUA

Instrumento – trompete

 

Comentário – A história de Gerald Wilson como músico profissional começou em 1939, quando ele tinha vinte e um anos e estreou como trompetista e arranjador na orquestra de Jimmie Lunceford, substituindo o então titular Sy Oliver. Antes, em 1932, sua família havia se mudado para Detroit, onde George estudou música e tocou na Plantation Music Orchestra, já demonstrando os seus dotes de trompetista e de arranjador imaginativo. Pode se dizer que a passagem pela orquestra de Lunceford aprimorou as qualidades de Wilson como arranjador, regente e solista de trompete. Mas em 1942 ele procurou novos ares, para trabalhar sucessivamente com Les Hite, Benny Carter e Willie Smith. Em 1944, Wilson formou a sua primeira big band, chamada Gerald Wilson Orchestra, com a qual interpretava swing e tentava entender o bebop, contando, entre seus músicos, com o trompetista Snooky Young. Sua primeira aventura como bandleader durou pouco tempo: ele decidiu ingressar na orquestra de Count Basie e depois na de Dizzy Gillespie, até que em 1948 ele resolveu desistir da música para se dedicar a uma mercearia. Wilson voltou para a música em 1952 com uma nova orquestra, fazendo aparições na TV. Em 1961, ele reformatou a sua orquestra e realizou diversos álbuns para o selo Pacific Jazz, contando com alguns solistas extraordinários, como Harold Land, Bud Shank e Joe Pass. Ao mesmo tempo em que dirigia a sua banda e tocava trompete, Wilson encontrava tempo para fazer arranjos para Duke Ellington e escrever músicas para a Filarmônica de Los Angeles, além de lecionar História do Jazz na Universidade Estadual da Califórnia. Durante os anos 1980 e 1990, Gerald Wilson continuou liderando suas orquestras na região da Califórnia, e em 1996 teve sua história registrada na Biblioreca do Congresso Americano. Em 1997 ele compôs o tema para o Festival de Jazz de Monterey, chamado “Theme For Monterey” e em 2003 foi indicado para o prêmio Grammy na categoria “The Best Big Jazz Group” (O Melhor Grande Grupo de Jazz”). Gerald Wilson trabalhou até 2009, e em 2011 foi agraciado com o prêmio Grammy pelo álbum “Legacy”e pelo legado que havia deixado para o jazz. Ele morreu aos 96 anos.

 

Algumas gravações 

California Soul (Valerie Simpson-Nicholas Ashford)

Freddie Freeloader (Miles Davis)

I Concentrate On You (Cole Porter)

In The Limelight (Gerald Wilson)

Jeri (Gerald Wilson)

Lighthouse Blues (Gerald Wilson)

Milestones (Miles Davis)

Moment Of Truth (Gerald Wilson)

Monterey Moods (Gerald Wilson)

Patterns (Gerald Wilson)

Perdido (Ervin Drake-Juan Tizol-Hans J.Langsfelder)

‘Round Midnight (Cootie Williams-Thelonious Monk-Bernie Hanighen)

So What (Miles Davis)

The Wailer (Gerald Wilson)

Viva Tirado (Gerald Wilson)

You Better Believe It (Gerald Wilson-Richard “Groove” Holmes)

Yvette (Gerald Wilson-George Stoll)

 

 

terça-feira, 23 de março de 2021

 


AS CORES DO SWING
           (Livro de Augusto Pellegrini)

BANDLEADERS E DISCOGRAFIA


GEORGE RUSSELL (1923-2009) 

Nome completo – George Allen Russell

Nascimento – Cincinnati-Ohio-EUA

Falecimento – Boston-Massachusets-EUA

Instrumento – piano e bateria

 

Comentário – George Russell foi um talentoso compositor, arranjador e bandleader. Ele foi também um dos músicos que trouxeram a modernidade para o jazz orquestrado, notabilizando-se como um grande teórico e sendo o criador de uma idéia de organização musical chamada “Lydian Chromatic Concept of Tonal Organization” (“Conceito Cromático Lidiano de Organização Tonal”), cujo nome faz menção a um antigo país da Ásia Menor chamado Lídia. Esta inovação musical se constituiu em uma experiência tonal que viria modificar o conceito de jazz. Sua teoria consiste em tocar jazz baseado em escalas, ao invés do tradicional sistema de acordes. Seu livro, publicado em 1953, que define e teoriza conceitos musicais específicos, foi sem dúvida o primeiro, e é um dos poucos do gênero que foram escritos por um músico de jazz. Russell iniciou sua carreira como baterista, mas ao ceder seu lugar para Max Roach na orquestra de Benny Carter, ele transferiu o seu interesse para o campo de composição e arranjo. Em 1945 Russell voltou a tocar bateria no grupo de Charlie Parker, mas estava tão envolvido com a sua nova ideia que decidiu abandonar de vez a carreira de músico instrumentista. Sua teoria “lidiana” pavimentou o caminho de músicos como John Coltrane e Miles Davis, e abriu as portas para a inventividade do free-jazz. Como arranjador, Russell trabalhou com Artie Shaw e mais tarde com Claude Thornhill, mas foi insistindo no seu conceito musical que ele encontrou seu verdadeiro caminho. George Russell gravou com Bill Evans, Paul Bley, Billy Taylor, Eric Dolphy, Sonny Rollins e muitos outros músicos de vanguarda. Excursionou pela Europa, radicou-se na Suécia por cinco anos, e lá montou um pequeno grupo para apresentar o seu novo estilo de jazz. É claro que a reação entre alguns jazzistas não foi a princípio das mais favoráveis, principalmente entre aqueles que cultuavam as raízes do jazz mais tradicional, mas nem por isso Russell abandonou o seu projeto. Durante anos George Russell proferiu palestras em universidades e escolas de música e se manteve na ativa até pouco antes de morrer, aos oitenta e oito anos.

 

Algumas gravações 

Au Privave (Charlie Parker)

Autumn In New York (Vernon Duke-Ira Gershwin)

Blues In Orbit (George Russell)

D.C.Divertimento (George Russell)

Electronic Sonata For Souls Loved By Nature (Jan Garbarek-George Russell)

Ezz-thetic (George Russell)

How About You? (Ralph Freed-Burton Lane)

Kige’s Tune (Al Kiger)

Now And Then (George Russell)

Othello Ballet Suite (George Russell)

So What (Miles Davis)

Stereophrenic (David Baker)

The Lydiot (George Russell)

The Outer View (George Russell)

The Stratus Seekers (George Russell)

Time Spiral (George Russell)

Zig-Zag (Carla Bley)

You Are My Sunshine (Jimmie Davis-Charles Mitchell)

 

 

segunda-feira, 22 de março de 2021

 


MEU CONSOLO 

(Samba de Augusto Pellegrini) 1977

 

Minha nega arrumou um emprego

Estragou meu sossego

E ganhou condição

Pois faz parte do seu dia a dia

Fazer companhia

E sair com o patrão

E por isso estou desesperado

E falando sozinho

Fui posto de lado


Minha nega

Não faça mais isso

Retorne pra casa

E essa vida esqueça

Pra curar minha dor de cabeça

Que fica pior cada dia que passa

Eu não posso viver sem carinho

Acordando sozinho

No meu barracão

Peço a Deus que ilumine o caminho

Só tenho o consolo do meu violão

domingo, 21 de março de 2021

 


AS CORES DO SWING
           (Livro de Augusto Pellegrini)

BANDLEADERS E DISCOGRAFIA


ERSKINE HAWKINS (1914-1993) 

Nome completo – Erskine Ramsey Hawkins

Nascimento – Birmingham-Alabama-EUA

Falecimento – Willingboro-New Jersey-EUA

Instrumento – trompete

 

Comentário – Muito popular como bandleader durante a década de 1940, Erskine Hawkins foi apelidado de “o anjo Gabriel do século vinte” pelo seu portentoso sopro de trompetista. Desde criança, Hawkins se interessou por música, tendo aprendido bateria e trombone antes que, aos treze anos, adotasse o trompete como seu instrumento definitivo. Ele começou a liderar grupos de músicos na época em que cursava no Alabama State Teachers College, conduzindo a banda da universidade, chamada “Bama Street Collegians”. Hawkins foi para Nova York em 1934, e lá formou a sua Erskine Hawkins Orchestra, que contava com os músicos Avery Parrish (piano), Dud Bascomb (trompete) e Paul Bascomb e Julian Dash (saxofones). Em 1936 a orquestra de Hawkins fez as suas primeiras gravações e logo alcançou um grande sucesso entre os aficionados do swing. Além de se tornar um bandleader bastante apreciado pelo público, Erskine Hawkins também ficou famoso através de uma orquestra concorrente – a Glenn Miller Orchestra – pela autoria da música “Tuxedo Junction” (em parceria com Bill Johnson, Julian Dash e Bussy Feyne), que Miller adotou como um dos seus carros-chefe. Em parceria com Avery Parrish, Hawkins também compôs um dos sucessos do cantor Billy Eckstine, a música “Because Of You” (não confundir com a balada “Because Of You”, composta por Arthur Hammerstein e Dudley Wilkinson, eternizada pela orquestra de danças do mexicano Luís Arcaráz e pelo cantor Tony Bennett). Em 1953, quando as grandes orquestras de dança começaram o seu declínio, Hawkins partiu em direção ao rhythm & blues, mas também começou a perder prestígio perante o público. A partir daí ele prosseguiu com um grupo menor fazendo pequenas excursões e apresentações esporádicas. Erskine Hawkins se manteve musicalmente ativo desde o início dos anos 1930 até o início dos anos 1980.

 

Algumas gravações 

A Study In Blue (Larry Clinton)

After Hours (Avery Parrish)

Because Of You (Erskine Hawkins-Avery Parrish)

Blackout (Avery Parrish-Sammy Lowe)

Don’t Say You’re Sorry Again (Irving Berlin)

Gabriel’s Heater (Erskine Hawkins)

Hawk’s Boogie (Erskine Hawkins)

I Hadn’t Anyone Till You (Ray Noble)

King Porter Stomp (Jelly Roll Morton)

Lazy Blues (Erskine Hawkins)

More Than You Know (Vincent Youmans-Edward Eliscu-Billy Rose)

Strictly Swing (Erskine Hawkins-Avery Parrish)

Swing Out (Erskine Hawkins-Avery Parrish)

Tippin’In (Marty Simes-Bobby Smith)

Tuxedo Junction (Erskine Hawkins-Julian Dash-Bill Johnson-Buddy Feyne)

Weary Blues (Artie Mathews)