sábado, 1 de janeiro de 2022

 


MAIS UMA QUARTA-FEIRA  

Canção/ Marcha-Rancho com música de Renato Winkler e letra de Augusto Pellegrini)

 

Vem ver

Do povo esta fantasia

Do samba a melancolia

Quarta-feira é só tristeza

Vem ver

O desfile diferente

No cordão tem tanta gente

Mas o samba fez silêncio

Canta sempre

A caminho de casa

E vai

Percorrer madrugada

E vai

No outro ano tem mais

Vem ver

Esta estrela matutina

Que ilumina a rua estranha

Traz mil cores

Agora

Acabou toda a alegria

Tem trabalho no outro dia

Outro sol

 

sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

 


TEMPOS DIFÍCEIS

(Augusto Pellegrini)

Tempos difíceis vivemos
De confinamento e tédio
Mas nosso melhor remédio
É conformar com o que temos

Temos que ficar em casa
Como fosse numa cela
E assim se esvai vida bela
Pois quebraram nossa asa

Mudou tudo em nossa vida
A noite, a roda de amigos
Mesmo assim ainda consigo
Tê-la menos reprimida

Com a tecnologia
Eu vejo de tudo um pouco
Mas o que me deixa louco
É a mesmice do dia-a-dia

Deixei de cantar, é certo
Nas noites de vinho e jazz
Pois não posso por meus pés
Lá fora, no descoberto

Não posso pra rádio ir
Pra fazer o Sexta Jazz
A assim fico, num viés
Sem falar, sem produzir

O meu programa querido
Com quase quarenta anos
Com pesar e desengano
Passou a ser repetido

As minhas aulas de inglês
Entre outras empreitadas
Começam a ser adiadas
Quem sabe pro outro mês

A alternativa, então
Mesmo com vã contumácia
É caminhar até a farmácia
Para medir a pressão

Ou ir ao supermercado
Nas horas mais sossegadas
Ver prateleiras esgotadas
Do produto procurado

E pra aumentar a lambança
Dizem, se bem me lembro
Que antes de chegar setembro
Não haverá qualquer mudança

Já me sinto enferrujado
Com a falta de movimento
Ansiando pelo momento
De ser enfim libertado

Poder cantar como antes
Enturmar com quem se ama
Renascer com o programa
E levar a vida adiante

Março 2020

 

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

 


PÁGINAS ESCOLHIDAS

O FANTASMA DA FM (1992)
(Augusto Pellegrini)

CLICHÊS – O FILME DE BANG-BANG

No alpendre de uma barbearia abandonada uma placa balança como se fosse o corpo do enforcado e um velho desdenta do masca um fiapo de capim, com o chapéu enterrado sobre os olhos. Uma caneca de estanho repousa sobre o corrimão contendo um resto de café requentado.
Corte.

Um homem está à procura dos bandoleiros que destruíram a sua casa, incendiaram o celeiro e mataram o velho Joe. John Wayne, no mais emocionante papel de sua carreira.
Corte.

Maureen O’Hara de cabelos vermelhos se atira nos braços do gala e pede para ele não ir. Um generoso decote revela um opulento par de tetas que o poeta chama de regaço, nas o nosso herói não presta atenção em detalhes, e então vem o beijo e a partida.
Corte.

Saloon cheio de gente bebendo uísque de milho e Jack Palance pede mais um para o garçom assustado. Ele faz cara feia, ele tem cara feia, ele é um cara feia, toma o seu gole e limpa a boca com o dorso da mão esquerda.
Corte.

John Wayne entra triunfalmente no saloon com um chute na porta de vai-e-vem. Silêncio sepulcral. Enfim o confronto. Ao cabo de algum tempo o bandoleiro é arrastado pelas pernas depois de um “uppercut” na ponta no queixo, um cruzado de direita no fígado e uma bala no abdome. No fundo musical ouve-se “High Noon”, enquanto John Wayne atravessa a rua empoeirada e parte em direção ao seu destino.
A cena se perde no horizonte, diante de uma revoada de touceiras.

The End.

(Imagens da matinê de domingo)


 

 SINOPSE DO PROGRAMA JAZZ DE 11/10/2019
RÁDIO UNIVERSIDADE FM - 106,9 Mhz
São Luís-MA

DUKE ELLINGTON - RING DEM BELLS

Uma das maiores personalidades artísticas do século 20 e referência mundial como compositor, líder de orquestra, pianista e inovador, Duke Ellington é e sempre será uma figura obrigatória em questões de jazz.
Ellington compôs e interpretou músicas de big band, swing dançante, jazz para pequenos conjuntos, baladas, suítes e música sacra, tudo sempre com uma forte presença de blues, sua eterna inspiração. Ele já compareceu algumas vezes no Sexta Jazz, mas nunca é demais lembrar a sua estatura musical em outro programa especial, onde o selo Double Play faz uma coletânea de suas obras, numa investidura histórica e antológica. Aqui o ouvinte vai se reencontrar com músicos que fizeram parte da orquestra durante décadas, como Harry Carney, Johnny Hodges, Barney Bigard, Paul Gonsalves, Cootie Williams, Ray Nance e outros. No programa, "Take The A Train", "The Mooche", "One O'Clock Jump" e "Perdido", entre outros sucessos.   

 Sexta Jazz, nesta sexta, oito da noite, produção e apresentação de Augusto Pellegrini

                

domingo, 26 de dezembro de 2021

 


EU E A MÚSICA
(Augusto Pellegrini)

OS REIS DO IÉ-IÉ-IÉ – A DESCOBERTA

É certo que o jazz sempre fez parte da minha vida.
Afinal, quando criança tive uma saudável iniciação ao ser apresentado aos discos de ebonite, os chamados “bolachões” gravados em 78 rpm com as orquestras de Benny Goodman, Harry James, Artie Shaw e Xavier Cugat, e aquele tipo de música me conquistou de uma forma definitiva.
O material foi se modernizando e passou a ser prensado em discos com 33 rpm, ao mesmo tempo em que o gosto se aprimorava com a evolução do jazz, passando do swing das grandes orquestras para as firulas do bebop de Gillespie e Parker e mais tarde desembocar no jazz branco de Dave Brubeck e Chet Baker e no refinamento do cool-blues e da chamada “third-stream music” cultuados pelo Modern Jazz Quartet.
Na década de 1950, houve porém um desvio de rota.
É que o rock dos precursores chegou com a força da country music, foi invadido pela essência do boogie-woogie e do blues, e trouxe uma nova linguagem que também passou a acompanhar o meu gosto musical, representado pela arte de Little Richard, Elvis Presley, Chuck Berry, Jerry Lee Lewis e outros mais.
Como acontece com toda novidade, não demorou muito para que surgissem aproveitadores com músicos e músicas de menor qualidade e começassem a ocupar espaço nas gravadoras e emissoras de rádio, prenúncio triste do que iria acontecer 70 anos depois.
A turma que reverenciava o jazz e o rock que era comprometido com a qualidade ignorava essa injunção puramente comercial e continuava trocando figurinhas em lojas de discos e em clubes improvisados, e sempre sobrava espaço para ouvir um lançamento recente na casa de um dos aficionados.
Eis que me vejo convidado para ouvir na casa do amigo Élcio Bottini o LP “Place Vendôme - The Modern Jazz Quartet & The Swingle Singers”, um disco que reunia o MJQ – John Lewis (pianista, arranjador, diretor musical e principal compositor do quarteto), Milt Jackson (vibrafonista), Percy Heath (contrabaixista) e Connie Kay (baterista que tocava com extrema leveza) – e o grupo vocal composto por cantores franceses e regido pelo maestro Ward Swingle, americano, especializado em vocalizar música de cunho barroco.
A mistura deste barroco, recheado de fugas e de uma harmonia tonal bachiana, com a leveza do blues do MJQ, produziu uma das mais refinadas obras de jazz de que se tem notícia.
Ao chegarmos na casa do Élcio, no entanto, aconteceu o impasse: a irmã mais nova do meu amigo estava entretida com o aparelho de som ouvindo uma daquelas novidades a princípio detestáveis, um grupo pop inglês com quatro “bonitinhos” cantando músicas descartáveis para consumo imediato. Ela disse que era um grupo chamado The Beatles, que estava levando à loucura garotas como ela pelos quatro cantos do mundo.
Ora, e eu lá teria paciência para ouvir um grupo de cantores fabricados para levar adolescentes à histeria? É claro que Élcio e eu nos recusamos a perder tempo com aquilo e nos afastamos o máximo que pudemos da sala onde se realizava a audição.
Aguardamos pacientemente no jardim da casa até que chegou a nossa vez de entrar e poder ouvir o desempenho angelical e elegante do MJQ e dos cantores de Ward Swingle, com muito blues em cada acorde vindo de dois dos mais qualificados grupos musicais jamais formados.

-0-

De repente, uma mudança abrupta do cenário.
Eis-me, alguns meses depois, na então progressista cidade de Ribeirão Preto (como diziam na época os documentários que antecediam os filmes nas salas de cinema), enfadado, enfarado, entediado e enfastiado, sem nada que fazer na tarde quente das três horas, caminhando pela praça principal da cidade, batizada de Praça Dom Pedro II.
Na falta de algo mais consistente resolvi me aventurar indo ao cinema para assistir – imaginem – ao filme “Os Reis do Ié-Ié-Ié” (“A Hard Day’s Night”, no título original) que apresentava exatamente o tal quarteto de cabeludos que eu me recusara ouvir na casa do amigo Élcio.
Operou-se a transformação: a cada instante meu interesse e entusiasmo foi crescendo, pois o filme feito sobre um roteiro maluco de Alun Owen e muito bem dirigido por Richard Lester, desafiava a lógica na magia do preto-e-branco, alternando situações inusitadas num perfeito contraponto entre o irônico e o absurdo com músicas de um delicioso desenho melódico.  
Eu acabara de descobrir The Beatles, que nos próximos dez anos revolucionariam a música, muitos músicos, a própria história do rock e os costumes de toda uma geração, levando esta tendência mais além, mesmo depois de a banda ser desfeita.  
Se naquela tarde eu tivesse atendido ao chamado da irmã do Élcio, quem sabe teria gostado de imediato da nova música, mas com certeza o impacto não teria sido tão grande.
Ao sair do cinema corri até as Lojas Americanas e comprei o LP, que seria a primeira aquisição de toda a coleção catalogada do grupo, depois acrescido de gravações pirata que não estão em catálogo e de muito material da fase solo de cada um dos Paul, John, George e Ringo que fizeram a banda.

 


NOVOCABULÁRIO INGLÊS

(Copyright FluentU) 

(ver tradução após o texto)

 FARTHER and FURTHER

 

These two words are very confusing. FARTHER and FURTHER are adverbs, and both may have the same meaning but are used in different situations and context. They’re pronounced in a similar way too, but with a slight difference – in the “far” and “fur”.

 

FARTHER is used when we’re talking about physical distance.

 

“As a passenger in a car, you can ask the driver ‘How much FARTHER until we reach our destination?’”

  

            “In race, you can say ‘She ran FARTHER and faster than him’”

           

           

FURTHER is used for more abstract situations.

 

“The human resources representative told me: ‘If you have any FURTHER complaints, please tell me’”

 

“The professor told us: ‘If you have any FURTHER questions, you can ask me at the end’”

 

   

 

 

                                                                                                                                 

            TRADUÇÃO

 

ADICIONAL e MAIS ALÉM  

Estas duas palavras (FARTHER e FURTHER) podem promover alguma confusão. Ambas são advérbios e têm um significado semelhante, mas são usadas em diferentes situações e contextos. Sua pronúncia é também bastante parecida, com uma ligeira diferença no “far” e no “fur”.


            FARTHER (“adicional”, “mais afastado”, “além de”) é usado quando nos referimos a distâncias físicas.     

            “Como passageiro de um carro, você pode perguntar ao motorista ‘quanto falta para a gente chegar?’”

“Numa corrida, você pode dizer ‘ela correu mais rápido e chegou mais longe do que ele’”


FURTHER (“além disso”) é usado para situações mais abstratas.

“O responsável pelos direitos humanos disse: ‘Me informe se você tiver mais alguma reclamação’”

“O professor falou: ‘Se vocês tiverem perguntas adicionais podem fazê-las no fim da aula’”