AS CORES DO SWING
(Livro de Augusto Pellegrini)
CAPÍTULO 8 - O LINDY HOP
(continuação)
Muitos
homens e
mulheres se destacaram na dança do lindy hop e construíram as suas vidas
através desta dança. Muitos deles formaram seus próprios grupos e se deslocaram
pelo país, ensinando como desenvolver o novo passo e abrilhantando salões de
baile em todos os recantos com suas exibições.
Quase todos os
pioneiros do lindy hop eram autodidatas, pois praticamente aprenderam a
dançar nas ruas do Harlem, muitos deles em frente aos salões onde as orquestras
se apresentavam ou ensaiavam, de onde o som da música irradiava para as
calçadas.
Alguns
puritanos torciam o nariz e condenavam a dança porque sentiam um certo ar de
lascívia no comportamento dos casais – os homens requebravam de uma forma pouco
recomendável para o bom-mocismo da época e as mulheres rodavam suas saias e
seus vestidos largos, saltando com as pernas para cima sem estarem trajando
roupas de baixo adequadas para permitir tais piruetas.
Com o passar do
tempo, elas começaram a usar uma espécie de short, o que não era lá menos indecoroso – não podemos esquecer
que estávamos em plena década de 1930 – mas dava pra quebrar o galho com a “censura”.
Muitos destes hoppers amadores acabavam sendo convidados por
empresários e donos de clubes para ingressar em grupos de dança profissionais,
contratados por salários relativamente baixos, se considerarmos a quantidade de
dinheiro que circulava no mundo do show business.
É claro que, muito
ou pouco, eles geralmente aceitavam o que lhes era oferecido, levando em conta
que quase todos estavam desempregados e que a vida financeira do país ainda não
havia conseguido se endireitar, apesar da gestão progressista do presidente
Roosevelt.
Com o passar do
tempo, porém, os rendimentos dos dançarinos começaram a ser corrigidos em
função do seu talento, na medida em que os clientes, os band leaders e a
concorrência passaram a exigir mais qualidade coreográfica.
Muitos dançarinos
eram legalmente casados e formavam pares estáveis, apresentando-se regularmente
em festas, salões e teatros.
Entre os
dançarinos mais famosos de lindy hop podemos mencionar os pioneiros
“Twistmouth” George Ganaway e Leroy “Stretch” Jones, e também Tiny Bunch &
Dorothy “Dot” Johnson, Lawrence “Lolly” Wise & Lílian Arnold, Billy Ricker
& Willa Mae Ricker, Maxie Dorf & Mary McCaslin, Frieda Washington,
Naomi Waller, Ann Johnson, Sandra Gibson, George Grenidge, Al Minns e Mildred Pollard,
além do californiano Ray Randazzle, que dançava e dirigia o grupo Ray Rand
Dancers.
Havia também a
dançarina Louise “Mama Lu” Parks, líder do grupo The Lindy Hopper Champion’s
Champion, que permaneceu participando das noitadas do Savoy Balroom até o seu
fechamento em 1958, e o fantástico Leon James, campeão de concursos no Savoy e
um dos dançarinos do filme “A Day At The
Races”, dos irmãos Marx.
De todos os lindy
hoppers, porém, dois dançarinos acabaram fazendo parte da história e se
destacaram pela criatividade ímpar, pelo respeito conquistado pelas suas apresentações,
pela perfeição dos seus passos e pelo carisma imposto junto à crítica e público:
são eles Frankie “Musclehead” Manning e Norma Miller.