sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

 


PAPELZINHO  

(Letra e música de Nelson Gengo e Augusto Pellegrini) 1979

 

Canso ao sol, descanso à lua

Chamo a mim toda a atenção

Quanto tempo de esperança

Pra ver que eu tenho razão?

 

Papelzinho ao vento voa

Também voam o riso e o olhar

Estendendo as mãos pras águas

Apanho um resto de mar

 

A noite é tão carinhosa

A calma sempre ela nos traz

Esquecendo o triste dia

Dá vontade de cantar

 

Se reclamo é que me abalo, não me calo

Tenho que dizer o que sinto

Estendendo as mãos pra lua

Apanho as sobras do vento

 

Papelzinho ao vento voa

Também voam o riso e o olhar

Estendendo as mãos pras águas

Apanho um resto de mar

 

 


AS CORES DO SWING
           (Livro de Augusto Pellegrini)

BANDLEADERS E DISCOGRAFIA


BENNY CARTER (1907-2003) 

Nome completo – Bennett Lester Carter

Nascimento – Nova York-New York-EUA

Falecimento – Los Angeles-California-EUA

Instrumento – sax-alto, clarinete e trompete

 

Comentário – A maior contribuição dada por Benny Carter não apenas com referência ao swing, mas ao jazz como um todo, foi seu notável talento como saxofonista. Mas Carter também alcançou um nível de excelência como arranjador, compositor e bandleader. Benny Carter não teve uma educação formal, pois sua escolaridade não foi além do nível ginasial. Muito pobre, morando numa área desocupada de Manhattan que no futuro se transformaria no famoso Lincoln Center, ele começou a ter aulas de piano com a mãe e adquiriu interesse pela música através de um primo, o trompetista Theodore “Cuban” Bennett, e de um vizinho, o também trompetista Bubber Miley, que mais tarde se destacaria na orquestra de Duke Ellington. Assim, Carter começou a estudar trompete, mas logo depois se decidiu pelo saxofone por achar que seria mais fácil de aprender. Ele começou sua carreira em 1926 tocando com o bandleader Charlie Johnson, passando em 1928 para a orquestra de Fletcher Henderson e depois, em 1931, para a McKinney’s Cotton Pickers, na época dirigida por Don Redman. Com a experiência adquirida, Carter resolveu formar a sua própria orquestra – The Chocolate Dandies – em 1932, que foi o tiro de partida para que ele pudesse mais tarde obter um enorme sucesso como bandleader e como instrumentista com a Benny Carter & His Orchestra. Como saxofonista, Carter sempre manteve a mesma força e imaginação, desde a época em que começou até a idade de noventa anos, quando aposentou o instrumento. Mais conhecido como solista de sax-alto, Benny Carter ganhou o respeito do público, dos críticos e dos músicos pelo seu trabalho como arranjador, função a qual ele jamais abandonou. Benny Carter viveu intensamente para a música desde meados dos anos 1920 até o final dos anos 1990, quando o peso da idade arrefeceu o seu entusiasmo. Benny Carter morreu aos noventa e cinco anos.

 

Algumas gravações 

Blue Star (Benny Carter)

Christmas In New Orleans (Dick Sherman-Joe Van Winkle)

Cocktail For Two (Arthur Johnston-Sam Coslow)`

Cotton Tail (Duke Ellington)

Dee Blues (Benny Carter)

Devil’s Holiday (Benny Carter)

I Can’t Get Started (Vernon Duke-Ira Gershwin)

I Surrender, Dear (Harry Barris-Gordon Clifford)

I’m Coming, Virginia (Will Marion Cook-Donald Heywood)

Krazy Kapers (Benny Carter)

Love For Sale (Cole Porter)

Once Upon A time (Benny Carter)

Prelude To A Kiss (Irving Mills-Duke Ellington-Irving Gordon)

Savoy Stampede (Benny Carter)

Six Or Seven Times (Fats Waller-Irving Mills)

Stardust (Hoagland “Hoagy” Carmichael-Mitchell Parish)

These Foolish Things (Harry Link-Jack Stachey-Holt Marvell)

 

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

 


NOVOCABULÁRIO INGLÊS

(Copyright Cambridge) 

(ver tradução após o texto)

 

SOCIAL RECESSION 

SOCIAL RECESSION is a period when there is very little contact between all the people of a society. Typically, in moments of stress, we reach out to people. We spend time with people we love. And now we’re being asked not to do that, at least in physical terms. So, I worry that we may incur what I think of as a SOCIAL RECESSION, with profound consequences for our health, for our productivity in the workplace and for how our kids do in school.    

            “The economic crisis has been matched by a SOCIAL RECESSION, the newspaper says.”  

 

            “Elderly people are severely affected by this SOCIAL RECESSION caused by the epidemic.”

           

            “Even people that are used to live alone are feeling lonely with this abrupt SOCIAL RECESSION.”

 

          TRADUÇÃO

RECESSÃO SOCIAL

RECESSÃO SOCIAL é um período no qual existe muito pouco contato entre pessoas de uma sociedade. Normalmente, em momentos de estresse, nós buscamos contato com outras pessoas e passamos mais tempo com aqueles a quem amamos. Agora as pessoas pedem para que a gente não faça isso, pelo menos em termos de contato físico. Eu acho que a gente vai incorrer naquilo que eu chamo de RECESSÃO SOCIAL, com profundas consequências para a nossa saúde, para a nossa produtividade no trabalho, e para o aproveitamento escolar dos nossos filhos.   

 

“O jornal diz que a crise econômica foi acompanhada por uma RECESSÃO SOCIAL”.

“Os idosos são severamente afetados por esta RECESSÃO SOCIAL causada pela epidemia”.

“Mesmo as pessoas que estão acostumadas a morar sozinhas estão se sentindo solitárias com esta inesperada RECESSÃO SOCIAL”.

 

 

 

 


AS CORES DO SWING
           (Livro de Augusto Pellegrini)

BANDLEADERS E DISCOGRAFIA


BENNIE MOTEN (1894-1935) 

Nome completo – Benjamin Moten

Nascimento – Kansas City-Missouri-EUA

Falecimento – Kansas City-Missouri-EUA

Instrumento – piano

 

Comentário – Bennie Moten era um grande pianista de ragtime no início dos anos 1920 e acabou sendo o principal responsável pelo crescimento do jazz em Kansas City. Naquele início de século, Moten formou a Kansas City Orchestra, a mais famosa de todo o meio-oeste dos Estados Unidos (a orquestra veio a se constituir futuramente no núcleo e berço da orquestra de Count Basie, uma das mais importantes da América). As primeiras gravações de Moten foram feitas em 1923, dentro dos estilos ragtime e new orleans. Gradualmente, Moten foi mudando o seu estilo ragtime para uma espécie de boogie-woogie misturado com rhythm & blues, até que com a chegada de Count Basie e Walter Page na orquestra, ele abraçou definitivamente o que se poderia chamar de pré-swing. Sua participação no desenvolvimento destes estilos foi fundamental para o crescimento e a consolidação do chamado “jazz de Kansas City”. Moten e seus músicos excursionaram por todo o país divulgando o som de Kansas City, e ele esteve entre os recordistas de vendas da Victor pela gravação da música “South” em 1928. Entre seus músicos de maior destaque contam o trompetista Oran “Hot Lips” Page, o saxofonista Eddie Barefield e o guitarrista Eddie Durham, além do jovem pianista Count Basie. A orquestra de Moten assumiu força total com a chegada de Ben Webster e Jimmy Rushing, e teve sua época áurea de 1932 até 1935, quando ele veio a falecer prematuramente vítima de uma prosaica cirurgia de amígdalas. Moten tinha quarenta e um anos. O grupo continuou em atividade durante algum tempo sob a batuta de Count Basie, ainda sob o nome de Bennie Moten Orchestra, até que Basie resolveu formar o seu próprio grupo e saiu de Kansas City para mostrar o seu trabalho de bandleader em outros cantos do país. Bennie Moten se manteve em atividade desde os anos 1920 até a sua morte, em 1935.

 

Algumas gravações 

Everyday Blues (Yo Yo Blues) (Bennie Moten-Eddie Durham)

Kansas City Shuffle (Bennie Moten)

It Won’t Be Long (Bennie Moten)

Mary Lee (Bennie Moten-Speckled Red)

Midnight Mama (Jelly Roll Morton)

Moten Blues (Bennie Moten)

Moten Swing (Bennie Moten-Buster Moten)

New Orleans (Hoagland “Hoagy” Carmichael)

Now That I Need You (Count Basie-Bennie Moten-Pinetop Smith)

Prince Of Wails (Elmer Schoebel)

Rumba Negro (Bennie Moten-Count Basie)

She’s Sweeter Than Sugar (Bennie Moten)

South (Bennie Moten-Jack Washington)

Sugar (Maceo Pinkard-Sidney Mitchell-Edna Alexander)

The Blue Room (Richard Rodgers-Lorenz Hart)

The Jones Law Blues (Bennie Moten-Count Basie)

Toby (Buster Moten-Eddie Barefield)

 

domingo, 24 de janeiro de 2021



A IRA  

(Augusto Pellegrini) 

 

Tudo andava às mil maravilhas naquela cidadezinha no sul da França, Saint Jean des Canards. Monsieur Patou caminhando placidamente pela rua arborizada, as flores florindo na primavera, o sol resplandecente furando as copas das árvores, os passarinhos gorjeando em francês e alguns Jacques, Jean-Pierres e Charlottes se cumprimentando e se sorrindo.

O vendedor de sorvetes oferece à criança um copinho com “crème des pommes” enquanto ao fundo a jovem Geneviève tem um “frisson” ao cruzar seu olhar com o de Laurent, um vizinho tímido e agradável que falava com os olhos tudo aquilo que os lábios não ousavam pronunciar, como dizia o poeta.

Monsieur Patou consulta o seu relógio, aqueles de bolso, a corrente fazendo um arco por cima da virilha, é quase hora do almoço, vamos provar os quitutes preparados por Madeleine, sua mulher há mais de trinta anos, exímia cozinheira, já antevendo o assado de vitela com batatas coradas, regadas ao bom vinho “du Rhône”.

Madeleine termina de ajeitar a mesa, o avental impecavelmente engomado servindo de adorno ao vestido caseiro, trazendo no rosto a expressão de um artista a contemplar a sua mais recente obra prima, a mesa posta e uma terrina de sopa ocupando o centro.

Monsieur Patou entra pela porta da sala, dirige-se à mesa, beija afetuosamente Madeleine na testa e pergunta – “o que minha patinha fez para o almoço de hoje?” – ao que Madeleine responde – “sopa de quiabo” – “sopa de quiabo?!” – exclama Patou estupefato – “mas Joujou” (Joujou é Madeleine, na intimidade), “você sabe que eu odeio sopa de quiabo!” – “mas sopa de quiabo é tão bom!...” – e segue por aí afora a discussão sobre as qualidades nutritivas do quiabo, até que Patou se deu por vencido e sentou-se à mesa sem disfarçar um resmungo – “sopa de quiabo com vinho ‘du Rhone’, bah!”

Mas a primavera estava linda, Patou amava Joujou e ainda mais com essa linguiça cortada aos pedaços, e a batata, e o tempero de Joujou... sem contar que ele já havia lido num velho almanaque que quiabo era um poderoso afrodisíaco!...

Os dois sentados à mesa, a toalha xadrez já um pouco machucada pelo uso, a terrina fumegando, os pratos decorados e o relógio da sala batendo meio-dia, o sol penetrando pelas frestas da janela e as nuvens negras do desacordo se desvanecendo no ar.

Patou e Madeleine Joujou formavam um casal feliz, como feliz se sentia toda a humanidade concentrada na pequena Saint Jean des Canards naquele dia maravilhoso. 

Monsieur Patou dá a primeira colherada, dá a segunda colherada, limpa o canto da boca com o guardanapo branco que tem preso ao pescoço e, de repente, arregala os olhos.

“Uma mosca! Uma mosca na minha sopa!”

O pequeno díptero, já morto e com as pernas arreganhadas flutuava de costas ao lado de um pedaço de tomate e de uma rodela de quiabo, preso à sua viscosidade como se esta fosse uma teia de aranha gelatinosa.

Patou se levanta num solavanco, arranca o guardanapo do pescoço e ainda gritando – “uma mosca! uma mosca!” – entorna o prato com sopa, mosca e demais pertences por cima da mesa, borrifando o líquido quente e pegajoso sobre o avental bem cuidado de Joujou, que exclama “Mon Dieu!” e, ato contínuo, destempera a cabeça de Patou com a garrafa do puro “Rhône” safra 1982, uma das melhores dos últimos vinte anos, de acordo com os enólogos.

Está aberto o diálogo franco, franco em todos os sentidos.

Os passarinhos já estão se bicando por conta de um verme encontrado no meio do gramado, uma cumulus-nimbus tolda o brilho do sol, Jean-Pierre esbarra em Jacques e ambos trocam insultos, Charlotte ouve algumas palavras mal-intencionadas, pensa que é com ela e acerta a cabeça do sorveteiro com um portentoso golpe de guarda-chuva. Ao ver a cena, a criança morde a língua e chora, toda lambuzada de sorvete, e Geneviève planta um tapa na cara do jovem Laurent que enfim desencabulara e fizera propostas um tanto arrojadas para a sua condição de donzela. Laurent vira uma fera e agride a mocinha na maior baixaria.

Todo mundo se ofende e se desrespeita, pedras são atiradas a esmo, chega a polícia, bombas de gás, chega o reforço do exército, e por fim explode a bomba atômica.


 


AS QUATRO ESTAÇÕES

(Augusto Pellegrini) 

É primavera, então tudo se alegra
A passarada dança seu rico balé
Os jardins se vestem de fina roupagem
E a natureza brinda à sua nova imagem
Um canto ao teu amor, com muita graça e fé 

Depois vem o calor, depois vem o verão
E a festa envolve tudo, vai de norte a sul
A praia, o mar, o sol, teu riso e o céu azul
Mistura de leveza e de descontração
Um drinque, o anoitecer, o beijo e a emoção 

No outono as folhas caem e ficam pelo chão
Tapete natural pra proteger teus pés
Os bichos, em silêncio, ficam acomodados
E o vento sopra leve, vem chegando de viés
E as emoções mais fortes são postas de lado

Inverno de quietude e conhaque aquecido
E do edredom macio que esquenta o teu calor
Olhos fechados, sonhos, o vento, o abrigo
Cheiro de panqueca e bacon lá na frigideira
E os pratos postos sobre a mesa de madeira


Janeiro 2021

 

 


AS CORES DO SWING
           (Livro de Augusto Pellegrini)

BANDLEADERS E DISCOGRAFIA


BEN POLLACK (1903-1971) 

Nome completo – Benjamin Pollack

Nascimento – Chicago-Illinois-EUA

Falecimento – Palm Spring-California-EUA

Instrumento – bateria

 

Comentário – Antes de ser um talentoso baterista, cantor e bandleader, Ben Pollack foi um facilitador de sucessos. Pela sua orquestra passaram nomes consagrados como Glenn Miller, Benny Goodman, Jimmy McPartland, Harry James, Jack Teagarden, Charlie Spivak, Ray Bauduc, Frank Teschemacher, Bud Freeman, Mugsy Spanier, e outros novatos que iriam ser alçados à fama no mundo da música. Devido ao fato de ter estes músicos como discípulos, Pollack acabou sendo denominado “O Pai do Swing” no final dos anos 1930. Apesar de provir de uma família de comerciantes, e de ser pressionado para dirigir um lucrativo negócio de peles que eles exploravam em Chicago, Ben resolveu se dedicar integralmente à música. Ele começara desde cedo a tocar bateria na banda da escola e depois de fazer alguns trabalhos em algumas bandas locais, tornou-se membro da orquestra de Harry Bastin e mais tarde de Dick Schoenberg. No início dos anos 1920 ele trabalhou como baterista na afamada New Orleans Rhythm Kings, um dos grupos pioneiros do jazz tradicional em Chicago, antes de formar o seu próprio grupo em 1926. Seu estilo de tocar obedecia à linha do dixieland, mas ele procurava um caminho novo, se interessando pela música dançante e tentando se aproximar do swing. Alguns anos depois, dando asas ao seu espírito de comerciante, Ben Pollack também se tornou proprietário de restaurantes e clubes. Sem conseguir gerenciar ao mesmo tempo a carreira de músico e a vida de empresário, Ben se meteu em diversas complicações, com processos envolvendo músicos, fornecedores e empregados das casas noturnas, o que tornou sua vida muito amarga. Afinal, afundado em dívidas e sem resistir às pressões dos advogados e credores, Pollack cometeu suicídio, enforcando-se em sua casa em Palm Springs aos sessenta e oito anos. Como músico, Ben Pollack se manteve ativo desde os anos 1920 até os anos 1960.

 

Algumas gravações 

San Antonio Shout (Wingy Manone-Sidney Arodin-Terry Shand)

Bugle Call Rag (Elmer Schoebel-Billy Meyers)

California Here I Come (Buddy DeSylva-Joseph Meyer)

Dardanella (Felix Bernard-Fred Fisher-Johnny Black)

Deed I Do (Fred Rose-Walter Hirsch)

Diga Diga Doo (Jimmy McHugh-Dorothy Fields)

Futuristic Rhythm (Jimmy McHugh-Dorothy Fields)

I Can’t Give You Anything But Love (Jimmy McHugh-Dorothy Fields)

Keep Your Undershirt On (Bert Kalmar-Harry Ruby)

September In The Rain (Al Dubin-Harry Warren)

Shirt Tail Stomp (Benny Goodman)

Sweet Sue, Just You (Victor Young-Will J.Harris)

That Old Feeling (Lew Brown-Sammy Fain)

The Roof Blues (Ben Pollack-George Brunies-Paul Mares-Tony Sbarbaro-Larry Shields)

Two Tickets To Georgia (John Fred Coots-Charles Tobias-Joe Young)