segunda-feira, 3 de março de 2014


 

O ÚLTIMO AMISTOSO

 
A cem dias da estreia contra a Croácia na Copa dos seus sonhos, o Brasil faz nesta quarta-feira o último amistoso antes de a CBF publicar a lista oficial dos 22 jogadores. Vai para Johannesburgo enfrentar a África do Sul no mesmo estádio em que derrotou a Costa do Marfim na Copa de 2010.
Não acredito que os anfitriões possam significar algum problema para a Seleção Brasileira. A última grande zebra nestas condições aconteceu há 24 anos, dias antes da Copa da Itália, em 1990, quando o Brasil de Sebastião Lazaroni perdeu por 1 x 0 para a seleção da Umbria, formada por amadores que disputavam a quarta divisão italiana, prenúncio do que foi a pior Copa já disputada pela seleção canarinho.
É significativo notar que nas Copas anteriores a lista final contemplava os nomes de mais de 90% dos jogadores que costumavam frequentar as convocações anteriores, o que pode parecer muito lógico para a maioria dos países, mas não para o Brasil, porque o sobe e desce do rendimento dos selecionáveis coloca pelo menos 30 atletas em condições de estar na convocação final.
Em 1994, por exemplo, os experientes Sávio e Tulio ficaram de fora na última hora para dar lugar a um imprevisível Ronaldo, que teve seu batismo de fogo e nunca mais abandonou o posto até pouco antes de encerrar a carreira.
Em 1998 foi a vez de Zé Elias e Raí, responsabilizados pela derrota no amistoso final contra a Argentina – 1x0 – e substituídos pelo lateral Zé Carlos e pelo volante Doriva, dois jogadores de pouco trato com a bola que não chegaram a contribuir, e o Brasil acabou perdendo sem a participação deles.
Em 2002 Juan e Djalminha, tidos como certos, foram preteridos por Vampeta e Rivaldo, este vindo de uma contusão. E em 2010 Adriano foi cortado e levaram Grafite no seu lugar, uma temeridade que não deu certo.
Nas cinco últimas edições o Brasil se deu bem nos últimos amistosos antes da publicação da lista oficial, vencendo a Argentina (2x0, 1994, Recife), Iugoslávia (1x0, 2002, Fortaleza), Rússia (1x0, 2006, Moscou) e Irlanda (2x0, 2010, Londres), e isto deve ter pesado na manutenção da grande maioria dos jogadores na lista, com algumas exceções como as citadas acima.
O insucesso ficou por conta da derrota em 1998 para a Argentina (0x1, no Maracanã).
Apesar da pressão exercida sobre os jogadores às vésperas da convocação oficial, parece não haver relação alguma entre os amistosos que definiram a chamada dos 22 da Copa com os resultados obtidos meses depois (fomos campeões em 1994 e em 2002, mas derrotados na final pela França em 1998, e eliminados na quartas de final novamente pela França em 2006 e pela Holanda em 2010).   
Nesta partida contra a África do Sul a Comissão Técnica deixou claro que ainda está fazendo algumas observações.
Conhecendo o trabalho e o raciocínio do técnico Felipão, que inclusive diz estar com a espinha dorsal do time já pronta, parece que as dúvidas consistem em Fernandinho, Willian e Bernard, pouco rodados em termos de seleção. Rafinha já estaria devidamente preterido por Maicon, independentemente da sua atuação no amistoso.
E, apesar de ausentes nesta convocação, Robinho, com a cotação em alta junto à Comissão Técnica, Lucas Leiva e Maxwell poderão se materializar na relação dos que vão disputar a Copa.
Do grupo que esteve na seleção de Dunga, Felipão já tem como certa a presença de Júlio Cesar, Thiago Silva, Daniel Alves e Ramires. Os outros que estão aparentemente fechados com o técnico são David Luiz, Dante, Marcelo, Paulinho, Luís Gustavo, Oscar, Hulk, Fred, Jô, Jefferson e Neymar.
Kaká apesar da sua liderança e espírito de grupo ainda não apagou a má impressão deixada na seleção de 2010 e sua chamada no dia 7 de maio seria uma grande e inesperada surpresa. 

                                                                                                 Augusto Pellegrini

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