terça-feira, 22 de julho de 2014






                                                AS MUDANÇAS COMEÇARAM

 (ARTIGO PUBLICADO NO CADERNO “SUPER ESPORTES” DO JORNAL “O IMPARCIAL” DE 22/07/2014) 

Tentando superar o sentimento fúnebre dominante e dar uma satisfação às cobranças pesadas feitas através da mídia esportiva, a CBF começou a se mexer tendo em vista as futuras atividades da seleção brasileira.
De acordo com o presidente Marin, “as mudanças começaram”.
Algumas decisões foram tomadas logo após a derrota para a Holanda, como as demissões de Felipão, Parreira e toda a comissão técnica de campo.
Diz o presidente que mais do que o desgosto pela derrota pesaram a empáfia e a falta de respeito dos comandantes para com os jogadores.  
Nos dias seguintes todo o resto da turma foi defenestrado, inclusive os arrogantes e presunçosos Doutor Runco e Rodrigo Paiva. E todos já vão tarde.
Feita a faxina, a CBF havia ficado de anunciar o nome do novo técnico, deixando claro que em hipótese alguma seria um treinador estrangeiro.
A imprensa comentou que o “estrangeiro” poderia ter sido o ex-jogador Leonardo, e as apostas começaram recaindo sobre Tite e Muricy.
Em nome das “mudanças”, porém, o presidente Marin escolheu Dunga, que tem uma limitada experiência como técnico, e sua escolha é na verdade um verdadeiro retrocesso. Dunga não é um estudioso, não tem diálogo e continua vivendo na década de 1990. Dias piores virão.
Por enquanto Marin mantém o técnico do futebol de base (e “olheiro” mal sucedido) Alexandre Gallo, mas tudo indica que o próximo técnico vai assumir a responsabilidade por todas as divisões da seleção.
Sendo assim, as mudanças começam de fato, “pero no mucho”, pois se restringem à seleção, mantendo a organização do futebol dos clubes na mesma. Pelo visto, não existe qualquer empenho em mudar a filosofia de trabalho e acabar com os vícios existentes.
Pra começar, como bem apontou o jogador Alex, do Bom Senso F.C., “quem comanda o futebol brasileiro não é a CBF, é a Rede Globo, que determina desde a tabela até os horários dos jogos para combinar com a sua grade de programação”. À CBF sobra apenas a administração das seleções, mas nem isto está sendo bem feito.
A entidade continua chamando para o seu time apenas os velhos parceiros, pois considera mais importante a obediência cega aos seus princípios do que uma renovação pra valer. Assim, continua cercada de profissionais ultrapassados que jamais tiveram a humildade de notar que, apesar deles, o mundo evoluiu.
Mas a falta de visão de Marin, Del Nero & Cia. vai além.
Para a Coordenação de Futebol da CBF, com plenos poderes para navegar em qualquer área (mas com poderes de decisão limitados à aprovação dos chefes), o presidente chamou o ex-goleiro Gilmar Rinaldi, que nunca exerceu função semelhante, pois sua experiência se baseia no trato financeiro com atletas, posto que é agente Fifa desde 1999, trabalhando com corretagem de jogadores. Isto transforma sua convocação em um perigoso conflito de interesses. O ex-jogador Romário declarou temer “que ele possa fazer do seu cargo na CBF um grande balcão de negócios”. Tudo é possível.
Independentemente disso tudo, parece claro que Gilmar Rinaldi não possui o perfil exigido para o cargo, jamais fez um curso de gestão esportiva e não parece vir com ideias de mudanças.
A CBF precisaria ter a humildade de convocar um grande conselho de notáveis e dele participar com os ouvidos abertos a propostas e sugestões, mas é pouco provável que isto aconteça.
O futuro do futebol brasileiro está incerto e pode ainda levar muito tempo para que ele venha a se acertar.
O tempo dirá.

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