sábado, 10 de dezembro de 2016






O GOL QUE PELÉ NÃO FEZ

Tudo corria dentro do script na partida final da Copa do Brasil. Vindo de uma vitória inconteste na casa do Atlético Mineiro na primeira partida, o Grêmio cozinhava o jogo ao seu feitio e ainda marcou o seu gol aos 43 minutos para garantir o título de vez.
Tudo continuou dentro do script e a torcida já comemorava  aos gritos de “é campeão!” quando o roteirista adicionou uma cena inesquecível que fez justiça à luta com que os mineiros se entregaram ao jogo: três minutos depois, já nos acréscimos, o equatoriano Juan Cazares empatou fazendo um gol antológico, que fez os mais velhos se lembrarem de um lance de 45 anos atrás.
Brasil e Tchecoslováquia disputavam a primeira partida pelo Grupo 3 em Guadalajara-México pela Copa do Mundo de 1970 e a partida estava empatada em um gol – o Brasil acabaria vencendo por 4x1 – quando diante de um público de 70 mil pessoas somente Pelé, que estava aquém da linha do grande círculo, viu que o goleiro tcheco Ivo Viktor estava adiantado. Pelé não teve dúvidas, e mandou um balaço a mais de 50 metros obrigando o goleiro a sair correndo em direção à meta para evitar o gol. Ele não alcançou a bola, mas ela não entrou, passando como se diz “raspando” a trave.
De volta ao presente, cumpre registrar que as emoções do jogo de Porto Alegre tiveram o dom de dar alegria ao público depois de uma semana de luto, quer esse luto fosse oficial quer fosse gerado pelo próprio sentimento dos atletas e desportistas.
A Copa do Brasil já foi e a Copa Sul-Americana não chegou a ter as partidas da fase final, embora tenha tido estádios cheios da mesma forma (eles tiveram lotação completa em Medellin na semana passada e em Curitiba nesta semana, com um público emocionado comparecendo para ver o gramado vazio de craques mas cheios de simbologia).
Neste final de semana acaba o ano esportivo brasileiro com a última rodada do Brasileirão, cujas posições já estão praticamente consolidadas, restando saber quem será o vice-campeão e qual será o último rebaixado.
A posição de vice-campeão, disputada entre Santos e Flamengo, é praticamente simbólica, embora valha também algum dinheiro. O rebaixamento não é simbólico, e três clubes – Internacional, Sport e Vitória – lutam para não ser o escolhido.
Ao Vitória, que joga em casa, basta um empate contra o Palmeiras. O Sport, também jogando em casa, precisa apenas de um empate contra o Figueirense, pois seu saldo de gols marcados mostra um placar de 55x40 contra o seu mais direto perseguidor, o Inter.
Ao Internacional cabe a parte delicada da história.
Clube grande, sem nunca ter sido rebaixado, não depende das suas forças a não ser que vença o Fluminense no Rio de Janeiro tirando o saldo de 15 gols negativos que tem para o Sport – isso se o Sport não vencer.
O Campeonato Brasileiro deste ano está dando panos pra manga.
Esta semana já tivemos mostra da pequenez do presidente do Internacional Vitório Piffero e dos dirigentes que ingressaram com uma ação para que o Vitória perca os pontos das partidas em que o zagueiro Victor Ramos atuou, embora a CBF e a Fifa afirmem que está tudo legal.
Postura bem diferente do novo presidente da Chapecoense, Ivan Pozzo, que opinou contrariamente a qualquer manobra que desse ao clube imunidade contra o rebaixamento nos próximos três anos, como sugeriram alguns dirigentes de outros clubes. Pozzo disse que no futebol “se ganha e se perde” e que os resultados têm que ser alcançados no campo, marcando com isso um golaço digno de Juan Cazares.    
Enquanto Pozzo demonstra ser um verdadeiro desportista, Piffero mostra a mesquinhez de quem não merece ocupar o cargo que ocupa. Piffero é pífio, e eu sinceramente torço para o Inter cair por causa dele.

 (Artigo publicado no caderno de Esportes do jornal O Imparcial de 09/12/2016)






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