sexta-feira, 28 de abril de 2017





E O OSCAR VAI PARA...

O que a arte e o esporte têm em comum?
Bem, em primeiro lugar é necessário que os protagonistas de ambas as atividades tenham a necessária habilidade para executá-las nas suas respectivas apresentações. Atletas e artistas já nascem com o talento formatado, necessitando apenas aprimorar as suas habilidades para serem merecedores do aplauso e reconhecimento do público.
Isto porque em ambos os casos a atuação dos protagonistas - artistas e atletas - prevê a participação do público, cuja quantidade e vibração  pode variar de acordo com o espetáculo  proposto.
Poucas vezes nós temos a oportunidade de assistir a artistas do palco, da tela e da música exercitarem a sua porção atleta. Isso apenas acontece em peladas descontraídas, geralmente beneficentes, gerando muita animação e hilaridade - uma espécie de casado vs solteiro etílico-esportivo-musical , do tipo "Amigos de Romário vs Amigos de Djavan".  Boleiros e músicos sempre se deram muito bem, e quando se juntam existe a certeza de que vai rolar muita diversão.
O esporte - em especial o futebol - tem revelado ao Brasil e ao mundo o quanto o espectador ganhou ao ver atletas executando o papel de atletas. E artistas executando o papel de artistas. 
Quando as coisas ameaçam ser invertidas,  o resultado artístico ou esportivo passa por severas restrições.
Mas há jogadores tão histriônicos que mereciam ser artistas performáticos.
Apesar das regras do esporte preverem e proibirem encenações que visam ludibriar a arbitragem, a cada dia e a cada jogo a pantomima se multiplica em diversos campos de futebol do mundo. 
Essa pantomima está sendo encenada no momento errado, bem quando os estádios - e de resto as ruas, os supermercados, os bancos e até os cemitérios -  estão equipados com câmeras espiãs de todos os tipos, tamanhos e versatilidades, mostrando detalhes da encenação sob diferentes ângulos.
Além do mais, os tribunais esportivos estão armados de uma legislação que lhes permite punir à distância e sem necessidade de flagrante. O juiz ou o auditor simplesmente se senta confortavelmente no seu gabinete com ar condicionado, café e água gelada e dispara os dedos no controle remoto do equipamento que tem à sua disposição para perscrutar detalhes da performance do jogador-ator no último final de semana dentro de uma tela em cinemascope para perceber que a encenação está chegando às raias do ridículo.
Um jogador é empurrado na altura do peito e vai ao chão com as duas mãos no rosto como se tivesse levado um tiro. Ou entra velozmente na grande área, perde o controle ou o tempo da bola e mergulha como se estivesse caindo numa piscina, na esperança que o juiz assinale uma penalidade pixotesca. Às vezes cola.
Outro dia a televisão mostrou a imagem de um técnico à beira do gramado que teve um aviãozinho de papel roçando a sua calva proeminente e caindo ao solo como se tivesse recebido uma martelada.
Mas nem só de simulações vive o esporte.
As câmeras indiscretas estão flagrando lances ocorridos longe da disputa da jogada, às vezes na outra metade do campo, com jogadores atingindo deslealmente os tornozelos  ou praticando golpes de pugilismo nos flancos dos adversários, longe da atenção do árbitro, dos assistentes ou do quarto árbitro, que estão fixados na jogada onde a bola está sendo disputada.  
Esses registros todos, além de valerem uma bela suspensão em alguns jogos ou mesmo a punição de pagamento de multa ou entrega de cestas básicas - o que acaba sendo inócuo sob o ponto de vista esportivo, considerando os altos salários recebidos pelos atletas-atores - deveriam ser catalogados e mostrados ao final de cada ano numa festa especial, onde um júri insuspeito daria o Prêmio Cara de Pau para a performance mais canalha e despropositada. Com direito a vaias generalizadas em vez de aplausos.
    
 
  

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