sábado, 12 de agosto de 2017




ESQUEMAS TÁTICOS DO FUTEBOL – PARTE 1

Quando o futebol começou a ser praticado na metade final do século 19, a grande missão dos jogadores era colocar a bola dentro do gol adversário. A princípio não havia organização nem planejamento para que esse objetivo (“goal”, em inglês), fosse alcançado.
Os desenhos táticos eram inexistentes, mas pode-se dizer com certa precisão que o esquema adotado de 1863 até 1871 era o 1-1-8, isto é, apenas um “back” (à frente do goleiro), um “midfield” (fazendo a transição entre a defesa e o ataque) e oito “forwards” (atacantes) buscando a todo custo enfiar a bola por entre as traves adversárias.
Quando um time era atacado ele mantinha os dez jogadores na defesa, mas quando recuperava a posse de bola partia em massa para o contra-ataque, explorando a fragilidade de uma defesa composta apenas por um vigia no meio de campo e um zagueiro solitário lá atrás. Na verdade, o sistema provou ser pouco produtivo, pois o vai-e-vem de ataques e contra-ataques tornava a partida extremamente exaustiva, numa época em que não havia a marcação do impedimento, não se cogitava de preparo físico e o futebol estava ainda longe do profissionalismo.
A partir de então os times começaram a mudar o posicionamento dos jogadores, e alguns anos depois já se adotava um sistema 2-3-5, com isso mantendo a vocação ofensiva, reforçando a parte defensiva e fazendo com que três homens no meio de campo pudessem cadenciar melhor a velocidade da partida e servissem de anteparo aos ataques e contra-ataques. Este sistema era conhecido como “Pirâmide” ou “Sistema Clássico”, e foi muito utilizado até a Copa de 1938.
Com a mudança na lei do impedimento nos anos 1920, Herbert Chapman, treinador do Arsenal, inventou o WM (uma variação de 3-2-2-3 e 3-4-3).
Este sistema foi bastante explorado e originou muitas variações, mas alguns técnicos – principalmente na Itália e na Suíça – o consideravam bastante vulnerável e reforçaram a defesa com o sistema “Catenaccio” (“Ferrolho”) ou se valendo de um líbero, zagueiro que faz a cobertura das jogadas em toda a faixa da zaga, contando com a colaboração de um ala defensivo e de um meio-campo, como utilizado na Copa de 1962.
Na década de 1960 apareceu na Europa uma outra formação, criada pelo técnico inglês Alf Ramsey, e denominada 4-4-2, onde os quatro jogadores do meio-campo funcionavam como uma barreira protetora para os zagueiros ao mesmo tempo em que atacavam em bloco auxiliando os dois atacantes quando o time tinha a posse de bola. 
Outros sistemas se sucederam, alguns muito interessantes, mas difíceis de serem mantidos por exigirem jogadores muito especiais para que o encaixe desse certo. Como exemplo, temos o “Carrossel” ou “Futebol Total” holandês de 1974 criado pelo técnico Rinus Michels , onde os jogadores mantinham suas posições quando estavam defendendo, marcavam em bloco dificultando a saída de bola do adversário e não mantinham suas posições quando partiam em massa para o ataque.
Sepp Pionek, um técnico alemão que treinava a Dinamarca foi semifinalista na Eurocopa de 1984 inovando um esquema de três zagueiros que não era defensivo, pois eles saíam para o jogo quando o time estava com a posse da bola sob a proteção solitária de um volante. Este sistema foi muito usado na Europa nos anos 1990.
As variações táticas no posicionamento e nas funções dos dez jogadores de linha são numerosas e podem depender do adversário, do resultado pretendido, das características dos jogadores e da própria forma de jogar do adversário. Não existe uma fórmula mágica ou infalível, pois todas estão sujeitas ao antídoto que será aplicado pelo técnico adversário.
Como este é um assunto que não se esgota em um só artigo, daremos prosseguimento na próxima semana.          
         

 (Artigo publicado no caderno de Esportes do jornal O Imparcial de 12/08/2017)






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