quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018




GOL CONTRA

O futebol brasileiro perdeu uma grande oportunidade de aplicar uma goleada histórica sobre alguns dos problemas que vêm enfrentando no momento e acabou perdendo o jogo após marcar um gol contra que, além de jogar contra o patrimônio, foi intencional.
O futebol é um dos poucos esportes que não aproveita o uso da tecnologia para evoluir, ou pelo menos para ajudar o controle e as decisões que são tomadas por uma equipe fiscalizadora.
Se fora do campo, nos seus centros de treinamento, os clubes estão se equipando com tecnologia de ponta e de especialistas para operar esta tecnologia, o mesmo não acontece nas quatro linhas do gramado.
A fim de analisar uma melhoria que vem dando certo em diversos países, a CBF convidou os clubes para discutir a utilização do chamado VAR – Video Assistant Referee (o chamado Árbitro de Vídeo), mas a sua aplicação foi rejeitada pela grande maioria.
Os motivos? O custo, que seria arcado pelos próprios clubes, a falta de uma análise mais criteriosa e a dificuldade de implantação ainda no Campeonato Brasileiro deste ano.
O custo apresentado pela CBF é cinco vezes mais caro do que acontece, por exemplo, em Portugal – o que é no mínimo estranho. E a exigência de que este custo seja de responsabilidade dos clubes é também no mínimo estranha, pois a CBF cobra altas taxas para fazer um trabalho que em outros países é desempenhado por uma Liga formada pelos clubes que disputam as competições (ficando para a federação nacional apenas a administração das seleções e dos torneios que envolvem as seleções).
Ficou no ar a impressão de que mais do que o custo, os clubes temem que o árbitro de vídeo venha frustrar suas expectativas, tal a quantidade de erros grosseiros cometidos recentemente pela arbitragem que contaram com a “compreensão” de técnicos e dirigentes por eles beneficiados.
Os clubes também votaram, desta vez a favor, pela venda de mando de campo desde que os dois protagonistas estejam de acordo, um casuísmo que coloca as conveniências financeiras acima do fato esportivo, que devia ser, mesmo em tempos de profissionalismo, a principal razão pela qual se disputa um torneio.
Assim, parece que as coisas vão ser cozidas em fogo brando até que algum grupo de empresários se reúna para construir um VAR por um custo razoável ou que a CBF ache uma nova forma de custear o investimento.
Outra proposição que foi aprovada foi a utilização do gramado artificial, muito combatido há alguns anos porque causaria lesões nos jogadores devido ao material usado, cortante e escorregadio. Com certeza a tecnologia evoluiu também neste quesito, e a sua utilização acaba indo de encontro também às atuais demandas ecológicas.       
 Finalmente, um gol contra que não foi discutido, mas parece ter a sua raiz na proibição dos fabricantes de borrifador que querem ter seu nome divulgado nas competições. É importante e necessário que o spray branco que delimita a distância da barreira volte urgentemente aos nossos campos porque, ao contrário do que ocorre em outros países, os jogadores brasileiros são indisciplinados quanto ao seu posicionamento e criam muitas dificuldades para a arbitragem, que precisa manter um olho no peixe e outro olho no gato.






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