quinta-feira, 25 de outubro de 2018






ACONTECEU EM BRABADINA
(Excerto)

Agamenon Protinov arremessou seu corpanzil e o seu braço esquerdo sobre o peito de Matael jogando-o contra a balaustrada de madeira que cercava a ponte e girou nos calcanhares para recomeçar a caminhada de volta, bradando ameaçadoramente – “...amanhã conversamos!...”
“Volte aqui!!!” – berrou Matael como um louco no silêncio da noite enquanto a mão, num gesto instintivo, buscava a faca cujo aço agora brilhava na escuridão.
Com três passos resolutos, Matael alcançou o senhor Protinov e puxou-o pelo ombro ficando mais uma vez frente a frente com o guardião do tesouro de Brabadina.
“Elijah Matael, o que você está fazendo!!???...” – gritou Agamenon Protinov enquanto sentia o golpe duro e frio na barriga, o sangue esguichando aos borbotões, empapando o seu casaco e a jaqueta do assassino.
Agamenon Protinov tombou ao chão estrebuchando como um boi abatido, ganindo como um cachorro atropelado e a mão direita ainda no bolso do casaco. O sangue agora se espalhava pelas tábuas que serviam de assoalho para a ponte e pingava para dentro do rio como o vinho derramado de uma taça.
Matael se apressou em apanhar as chaves que procurava, e teve muito trabalho em abrir a mão do moribundo, que olhava fixamente nos seus olhos com uma expressão de surpresa e de ódio.
Finalmente as chaves tilintaram em seu poder, e estavam tão quentes que lhe ardiam na palma da mão manchada de sangue.
O senhor Protinov jazia agora imóvel, com o olhar sem brilho fitando o nada.

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