quarta-feira, 17 de junho de 2020






UM PECADO PERDOADO
(Republicado, extraído de A GULA)
Augusto Pellegrini

Ah, a gula!
Se gula fosse pecado os padres não se empanturrariam dos mais variados acepipes acompanhados por um saboroso vinho espanhol daqueles recebidos no Brasil contrabandeados e acondicionados em barris de carvalho legítimo, depois transferidos para jarras e garrafões sem medo de azedar, pois conforme dizia Padre Lourenço “...vinho puro, consumo rápido”...”
E o que dizer de um assado de carneiro, ornamentado com batatas sauté e servido com arroz de açafrão, salada de rabanetes adubada com azeite de oliva português primeira prensa e pão de peito daqueles da Basilicata?
É certo que todas as religiões preconizam algum jejum durante o ano – talvez mais pela necessidade de reservar o estoque e preservar o pouco do fígado e da vesícula que nos resta do que para prestar uma homenagem ao Senhor Deus. Afinal, que religião é essa que se preocupa com fartura de comida e de bebida e se esquece da farsa, da mentira, da guerra, da opressão e do opróbio?
Será pecado a ingestão de chá com torradas, ovos e bacon pela manhã, um grandioso suco gelado de frutas frescas e um iogurte batido, além do sanduiche de queijo Gruyère na chapa e de uma fatia de melão? Será pecado o T-bone steak com agrião na hora do almoço ajudado por um chope escuro e broto de alcachofra na entrada? Café com creme chantili na saída?
Será pecado o carpaccio?
Pecado não é a comida e sim a falta dela.
 


2 comentários:

José de Oliveira Ramos disse...

Kkkkkkkkk Cada definição que sequer eu tinha lido em algum lugar. "Comer bem, é bom"! Kkkkkkkkkk

Augusto Pellegrini disse...

Sempre!!!