sábado, 5 de dezembro de 2020

 


AS CORES DO SWING
            (Livro de Augusto Pellegrini)

CAPÍTULO 20 - O PÓS-SWING
            (continuação)


Outro trompetista, Shorty Rogers, produziu uma espécie de “jazz-a-la-Basie” com uma forte concepção de west coast e muita inventividade. Rogers contava com os arranjos inteligentes de Quincy Jones e com a qualidade do contrabaixista Oscar Pettiford, do trombonista Urbie Green e do trompetista Herb Pomeroy.

Quincy Jones também resolveu montar a sua própria orquestra, e contratou um time de respeito – Art Farmer (trompete), Lucky Thompson e Zoot Sims (sax-tenor), Phil Woods (sax-alto), Herbie Mann e Jerome Richardson (flauta), Jimmy Cleveland (trombone), Milt Jackson (vibrafone), Hank Jones e Billy Taylor (piano), Charles Mingus e Paul Chambers (contrabaixo).

Quincy Jones nunca foi um instrumentista brilhante, mas era um gênio da orquestração e tinha um faro especial para ressaltar o ponto alto de cada solista, produzindo um som às vezes tão perfeito que os jazzistas começaram a considerá-lo artificial. Por essas e outras razões Jones acabou se aborrecendo e deixou o “pure jazz” de lado, ingressando com tudo no mundo mágico do entretenimento. Ele passou a compor e produzir temas de filmes e seriados de televisão, jingles comerciais e peças musicais, se transformando no “músico de jazz” mais bem remunerado do planeta.

No mesmo gênero de Quincy Jones também surgiu a orquestra do pianista argentino Lalo Schifrin, que fora parceiro de Dizzy Gillespie por algum tempo em diversas incursões jazzistas, como em “Gillespiana” (1958) e “The New Continent” (1962). Mais tarde, Schifrin se especializaria em compor música para cinema e televisão.

Outra orquestra que se baseou no universo de Count Basie foi a do sax-barítono Gerry Mulligan. Com seus arranjos corajosos e precisos, Mulligan criou uma sonoridade bastante sofisticada. Foi o suficiente para ser acusado de – a exemplo de Quincy Jones – estar superproduzindo o som do jazz. Na opinião de muitos críticos, a música de Mulligan não incluía a alegria e a simplicidade do swing, nem a singeleza do blues autêntico, nem a estruturação intelectual do bebop.

Algum tempo depois, Mulligan desfez a orquestra e começou a liderar pequenos combos e praticar execuções como solista, o que fez com maestria durante o resto da sua vida.

Os anos 1950 trouxeram para o cenário orquestral um músico que realmente revolucionou o contexto de big band: Gil Evans.

Evans trabalhou como arranjador da orquestra de Claude Thornhill, colaborando para o seu som modernista, e mais tarde foi um parceiro constante do trompetista Miles Davis, desde o tempo em que este comandava a Miles Davis’ Capitol Band.

É à influência de Gil Evans que Miles Davis deve o timbre impressionista do seu trompete post-cool, um sopro oco e sofrido que parecia vir das entranhas de uma caverna no deserto em uma noite de chuva.

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