quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

 


ABSTRATO

(Augusto Pellegrini)

Um arranjo de flores pousa sobre o toucador
Enquanto o quarto é mergulhado na penumbra
Provoca em meu olhar imagens mentirosas
E forma formas deformadas em seu derredor

Ora vejo um gato, silencioso, arguto e atento
Depois o gato aos poucos se transforma em gente
Pois basta o sopro suave de um leve vento
Para que a imagem se transforme de repente

Agora flana e dança como uma bandeira
Com cores desmaiadas de vermelho e branco
Diante do espelho espanta o meu espanto
Até que a imagem se transmude enfim inteira

O pleno dia surge, e então a claridade
Põe no meu caleidoscópio enfim o ponto final
O estranho devaneio se transforma em realidade
Tudo era fantasia, tal como flores de papel jornal

Janeiro 2020

 

  

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