quinta-feira, 19 de maio de 2022

 


CARTA PARA O DESTINO
(Augusto Pellegrini)

Escrevi uma carta para o meu destino
Mas errei o destinatário
A carta foi, por engano
Entregue ao destino de um outro
Que não a havia enviado

Na carta fui incisivo
“Quero saber da minha morte
Quando será, onde e como
E o que encontrarei mais tarde
Quando estiver do outro lado”

A resposta veio logo
Num envelope estampilhado
Demonstrando um certo espanto
Pois o outro havia partido
No fim do ano passado

Aprendi então que o certo
É não se preocupar com a morte
Deixá-la ao sabor do vento
Deixá-la ao sabor da sorte
Vivendo o melhor da vida e dela tirando proveito

Set 2017

 

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