segunda-feira, 12 de setembro de 2022

 


FIM DE CASO

(Augusto Pellegrini)

Se perguntares o que eu sinto, não minto
Dir-te-ei todos os meus doridos ais
Uma coisa, porém, eu advirto – não consinto
Que faças uso mau desses meus ais, jamais

Se perguntares do que eu gosto, não digo
Farei segredo deste meu particular
E uma outra coisa eu advirto – e insisto
Que meus direitos deves sempre respeitar

Se perguntares pra onde vou, não conto
Pois meu caminho só a mim cabe encontrar
E que uma coisa fique claro – e pronto!
Quem me seguir por certo irá se lamentar

Se perguntares sobre o meu passado
Eu fico surdo pra não responder
Pois gostaria de deixar de lado
Coisas que o tempo teima em reviver

Se perguntares o que eu penso do seu gesto
Eu vou dizer que pra mim tanto faz
Pois procedendo assim, com meu protesto
Eu finalmente sentirei a paz

Por fim, se perguntares por que me recuso
A entabular práticas de amor contigo
Eu só direi – cansei de ser intruso
Noites de amor não se faz com o inimigo

Novembro 2018

 

 

 





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