quinta-feira, 15 de janeiro de 2015








O SALVADOR DA PÁTRIA 

 (ARTIGO PUBLICADO NO CADERNO “SUPER ESPORTES” DO JORNAL “O IMPARCIAL” DE 15/01/2015) 

Vejo nos comentários esportivos que alguns clubes brasileiros estão se preparando para a temporada apostando em um estilo diferente de reforço.
Normalmente quando se fala em reforço o torcedor logo pensa em um lateral que possa cobrir as deficiências do Joãozinho, que marca bem, mas apoia mal, ou do Zezinho, que apoia bem, mas não sabe marcar. Ou do Pedrão, aquele zagueiro central pé furado que não sabe se posicionar, marca a bola e esquece o adversário, e ainda acha que é o Franz Beckenbauer.
O time carece também daquele maestro para enfiar as bolas corretas para o ataque, pois o armador Felisberto não consegue acertar um passe de cinco metros. E precisa ainda de um centroavante para o lugar de Bernardão, trombador que se atrapalha com a bola na hora de finalizar.
Mas tudo isso, na verdade, demanda muito dinheiro e nem sempre traz os resultados esperados.
Além do mais, os jogadores “sonho de consumo” são caros -  e às vezes eles preferem ficar aguardando na moita sem facilitar a sua transferência porque têm fichas para gastar e não irão tomar nenhuma atitude precipitada. Enquanto isso, os clubes tentam aproveitar algum negócio de ocasião ou jogadores em fim de contrato.
Mesmo assim, os clubes sempre encontram dificuldades porque o mercado está inflacionado e a faixa salarial está muito além da lógica de uma economia em recessão.
É aí que entra o reforço inesperado.
Esse reforço não chegará a vestir a camisa para entrar em campo e tentar marcar os gols salvadores da pátria. Ele ficará boa parte do tempo em um escritório com ar condicionado pesquisando, estudando, preparando relatórios, negociando patrocínio e dando retaguarda ao presidente.
Ele vai atuar na posição de “diretor de futebol”.
O Palmeiras acaba de contratar Alexandre Mattos, ex-diretor bem sucedido do Cruzeiro, para ocupar o cargo de diretor executivo, e Alexandre Mattos acaba de marcar o seu primeiro gol, deixando Corinthians e São Paulo falando sozinho e levando o atacante-revelação Dudu para o Parque Antártica, digo, para o Allianz Parque.
A contratação deste dirigente faz a torcida se lembrar com euforia do período áureo do clube entre 1993 e 2000, a chamada Era Parmalat, quando o alviverde conquistou onze títulos, numa média de quase dois títulos por ano.
É claro que aquele momento foi diferente, pois junto com o dirigente José Carlos Brunoro, egresso do voleibol, vieram muitos e muitos dólares da Parmalat, o que possibilitou a formação de um elenco inesquecível com Marcos, Velloso, Cafu, Arce, Antonio Carlos, Roque Junior, Junior Baiano, Roberto Carlos, Junior, Cesar Sampaio, Rivaldo, Djalminha, Zinho, Edilson, Edmundo, Evair, Muller e Paulo Nunes.
Ninguém sabe a mágica que fez o Alexandre Mattos, como de resto ninguém sabe como funcionam as transações milionárias do futebol, isto é, quem determina, quem avaliza e quem paga.
O que se sabe é que este é o tipo de reforço que está sendo garimpado pelos presidentes dos clubes para lhes dar a sustentação necessária para que mantenham a máquina funcionando com sucesso.
Os clubes que carecem deste combustível estão em palpos de aranha, como o Botafogo, que precisa se contentar com contratações de segunda linha, ou o Santos, que tem que se desfazer de seus melhores jogadores para fazer frente ao pagamento do salário dos demais.      

 

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