sexta-feira, 22 de junho de 2018





PONTA-PÉ INICIAL
A HISTÓRIA DO FUTEBOL

PARTE 3 - O FUTEBOL NOS SÉCULOS DEZENOVE E VINTE

No ano de 1888 foi fundada na Inglaterra a primeira liga de futebol.
Esta Liga, chamada de “First Division” (Primeira Divisão) era composta por doze clubes, os melhores do país, que jogavam duas vezes entre si a cada temporada. Obedecendo ao mesmo critério, outras Ligas menores foram também fundadas.
No final do século 19, algumas modificações importantes foram introduzidas no futebol.
As redes das metas foram usadas pela primeira vez em 1890, e em 1891 as penalidades passaram a ser cobradas nos moldes de hoje (mas foi apenas em 1905 que o goleiro foi obrigado a permanecer debaixo das traves quando da sua cobrança).
Até 1894 apenas um árbitro era utilizado para conduzir as partidas. A partir daí ele passou a ter dois auxiliares – batizados de “linesmen” (no Brasil “bandeirinhas”), agora chamados árbitros assistentes – para ajudá-lo.
Em 1898, o número de regras oficiais passou a ser dezessete.
Apesar de algumas daquelas regras terem sido alteradas com o passar do tempo – elas foram “modernizadas” em 1938 e continuam sendo revisadas de tempos em tempos – o seu número permaneceu o mesmo.
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NT8 – Algumas situações comuns em jogos não fazem parte das regras, como por exemplo a formação da barreira quando da cobrança de faltas – o que a regra estabelece é que o jogador adversário tem que manter uma distância mínima de 9,14 metros da bola).
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NT9  - Uma série de mudanças entraram em vigor em 2016, referentes à “paradinha” na cobranças de pênaltis, aplicação de cartões, parada técnica, cobrança de arremesso lateral, etc., mas nenhuma delas foi objeto de uma regra específica).
 
Antes da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), todos os times da First Division pertenciam a clubes do norte ou da parte central da Inglaterra. Depois da guerra, alguns times de Londres – Arsenal, Chelsea, Fulham e Tottenham – passaram a fazer parte da Divisão.
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O futebol começou de repente a ser jogado em muitos países. O jogo estava se tornando cada vez mais popular com aficionados na Inglaterra e também na Escócia. Os torcedores eram fiéis aos seus clubes e assistiam aos jogos todas as semanas.
Inicialmente, os torcedores não tinham condições de viajar para ver jogos em cidades distantes, mas mesmo assim eles assistiam a um jogo por semana. Em uma semana eles acompanhavam o time principal e na semana seguinte assistiam ao time reserva. Devido ao fato de a cada dia mais e mais torcedores se interessarem pelos jogos, os clubes mais importantes começaram a construir estádios para melhorar a acomodação das pessoas.
Os primeiros estádios foram construídos nos locais onde a maioria dos torcedores moravam, assim eles ficavam próximos às suas residências e da área comercial da cidade. Como os torcedores começaram a pagar ingresso para ver o jogo, os estádios foram então cercados por muros e portões. Às vezes os estádios abrigavam outros tipos de jogos, mas a maioria deles era usada apenas para o futebol.
Os clubes queriam agregar o maior número de torcedores possível para assistir aos seus jogos, então eles construíram arquibancadas de madeira para que os assistentes pudessem se acomodar em fileiras.
Como os torcedores gostavam de comer e beber nos intervalos das partidas, os clubes passaram a vender lanches e bebidas nos estádios.
A Escócia levou alguma vantagem sobre a Inglaterra no que diz respeito à construção dos estádios. O Rangers construiu o seu estádio em Ibrox, Glasgow, em 1887 e o Celtic, seu rival na cidade, construiu o seu em 1892.
Este foi também o ano em que foi construído o primeiro estádio na Inglaterra com a finalidade específica de abrigar somente partidas de futebol. Este estádio foi construído em Goodison Park, na cidade de Liverpool, e era a casa do Everton Football Club. O estádio era cercado por arquibancadas altas nos quatro lados do campo.
Com o passar do tempo cada clube importante tinha o seu próprio estádio, que estava sempre lotado de torcedores. Mas havia também lugar para os torcedores de outros times que vinham de outras cidades.
Atualmente o número de torcedores que pretendem comprar ingresso para assistir a jogos dos seus times em outros estádios é limitado. Para jogos da “Premier League” (Campeonato Inglês) o total de ingressos à disposição dos torcedores dos times visitantes é de apenas cinco por cento da capacidade do estádio. Para os jogos da Copa da Inglaterra ou para jogos internacionais, a quantidade aumenta para quinze por cento.
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NT10 – Dependendo da importância do jogo, que pode ser de âmbito nacional ou internacional, os clubes fazem um acordo sobre a quantidade de ingressos que serão colocados à disposição dos visitantes).
 
Os torcedores visitantes devem sentar-se em um local determinado para evitar discussões e contendas entre eles e torcedores do time da casa; assim, os visitantes se sentem livres para cantar e torcer à vontade.
Até 1927 apenas os torcedores que estavam assistindo ao jogo no estádio sabiam o que estava acontecendo lá dentro. Mas no dia 22 de janeiro desse mesmo ano a emissora BBC transmitiu o seu primeiro jogo pelo rádio. O jogo reuniu as equipes do Arsenal e do Sheffield United e terminou empatado em 1 x 1. A partir daí os jogos da Football Association passaram a ser narrados e comentados pelas estações de rádio. 
Com isso, a cada dia mais e mais pessoas começaram a se interessar pelo futebol, e através dos comentários que descreviam o que acontecia no gramado eles passaram a entender melhor o jogo.   
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Existiam muitos jogadores britânicos de qualidade já na primeira metade do século 20, embora seja difícil compará-los com os craques atuais. Sua equipagem e a bola com as quais eles jogavam eram muito diferentes.
No passado, a bola era feita de couro, e muito mais pesada.

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NT11 - Os jogadores do passado usavam camisas grossas e pesadas, de algodão, que retinham o suor e fazia o jogador cansar mais rápido, ao passo que as camisetas modernas são fabricadas de um material sintético especial, mais leve e confortável, o que melhora o rendimento do atleta. Quanto à bola, no final do século 19 ela era feita de couro curtido com uma costura grosseira que machucava a testa do jogador que a cabeceasse. Esse era o modelo da bola trazida para o Brasil em 1894 por Charles Miller, que ajudou a disseminar a prática do futebol no país).
A bola utilizada atualmente é geralmente branca – algumas com detalhes pretos e coloridos – e não é feita de couro, mas de um material sintético. O material é cortado em formatos diferentes para formar uma esfera perfeita quando da montagem das peças.
A bola de hoje é muito leve, e os jogadores mais habilidosos podem fazê-la mudar de direção depois de chutada, ou fazê-la cair de repente, como fazem os craques batedores de faltas. Às vezes, durante o inverno europeu ou em partidas noturnas, a bola tem a cor amarela, porque esta cor é mais fácil de ser distinguida sob uma iluminação artificial.
As chuteiras também eram muito pesadas no passado, mas mesmo assim alguns jogadores conseguiam executar um bom número de fintas e dribles. Atualmente as chuteiras são bem menores e mais leves, pois não precisam mais proteger os tornozelos dos atletas. Estas chuteiras proporcionam ao jogador mais velocidade e habilidade, embora lhes dê menos proteção.
As chuteiras modernas são fabricadas em diferentes cores e modelos. Os fabricantes pagam aos jogadores famosos para que eles as usem, assim os torcedores também se sentem compelidos a comprar.
Os jogadores atuais têm as camisetas numeradas e com os seus nomes escritos nas costas, mas até 1930 a única forma que um torcedor tinha para identificar os jogadores era a posição que eles ocupavam no campo.
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NT12 - Outras formas que os torcedores e narradores esportivos tinham para identificar os jogadores, além da posição em que ele jogava, eram a compleição e aparência física, a cor dos cabelos e o estilo de jogar. Naquele tempo, os jogadores não se revezavam nem invertiam as suas posições em campo, o que tornava mais fácil a sua identificação).

Os times jogavam numa formação 2-3-5, e os jogadores não se movimentavam por todo o campo como acontece hoje. Também não havia substituições, nem para os jogadores contundidos.
Após a obrigatoriedade da numeração, os jogadores que atuavam numa determinada posição sempre usavam o mesmo número.
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NT13 - O sistema de jogo 2-3-5 significa dois zagueiros, três médios centrais e cinco atacantes, e a numeração ia de 1 a 11. Em 1958 foi permitida uma substituição, mas só em caso de lesão).
 O goleiro atuava na posição numero 1, e a partir de 1913 ele foi obrigado uma usar a camiseta com a cor diferente da cor dos demais companheiros.
O lateral direito jogava com a camiseta número 2, e daí por diante. Os torcedores podiam associar o número ao nome do jogador, baseado em um folheto que eles recebiam na entrada do estádio.
A numeração das camisas teve início em agosto de 1928, no confronto entre dois times londrinos, e logo os outros clubes começaram a copiar a ideia. A Football Association , porém, não gostou da novidade e rejeitou a medida durante algum tempo, até que em 1939 ela se rendeu aos fatos e concordou que os times podiam usar camisetas numeradas.
A temporada de 1939, no entanto, foi interrompida abruptamente por causa do início da Segunda Guerra Mundial e as camisas numeradas só voltariam a ser utilizadas na temporada de 1946-1947.
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NT14 – Em virtude do inverno rigoroso na Europa, os jogos de um campeonato são disputados de agosto de um ano a maio do ano seguinte).

Alguns jogadores britânicos famosos se tornaram conhecidos nas suas posições pelo número da camiseta. No entanto, se em uma determinada partida eles tivessem que jogar em outra posição eles tinham que usar uma camiseta com outra numeração.
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NT15 – Naquele tempo, a camiseta não “pertencia” ao jogador, mas sim à posição que ele ocupava no campo. Apesar de a numeração ter sido obrigatória desde 1939, este capítulo não está expresso em nenhuma das dezessete regras, o que possibilitou a sua posterior alteração, com o jogador mantendo a camisa com o “seu” número original).

A partir de 1965 os jogadores contundidos tiveram a permissão de ser substituídos, e os jogadores substitutos tinham as camisetas numeradas com números a partir de 12.
Posteriormente, para facilitar ainda mais as coisas, foram adicionados os nomes dos jogadores nas costas das camisas. As camisetas com número e nome foram usadas pela primeira vez numa partida entre Inglaterra e Suécia em 1992. Ao final da temporada 1992-1993, o novo sistema de identificação foi utilizado na final da League Cup (Copa da Liga Inglesa) entre Arsenal e Sheffield Wednesday.
Os torcedores evidentemente se interessaram em adquirir camisetas com o nome e número dos seus jogadores favoritos, e a partir de então a venda de camisetas passou a ser um negócio altamente rentável para os clubes.


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