sexta-feira, 2 de setembro de 2022

 


MENTIR… MENTIR…
(Augusto Pellegrini) 

A vovó sempre dizia usando letras garrafais
Não minta, menino, é feio, mentir é feio demais
Mas a vida segue em frente e a humanidade não aprende
Pois a mentira compensa, e a verdade não vende 

Passamos a vida inteira cultivando a malandragem
Em qualquer atividade, cara de pau e coragem
Desde o camelô da feira até o governador
Todo mundo é incentivado a mentir – e com fervor 

Mentem nos livros de História, mentem no peso do arroz
Mentem em anúncios impressos, mentem agora e depois
Mentem em seus discursos pífios antes de serem eleitos
E o fazem com despudor, deputados e prefeitos
 

Há a mentirinha boba, que a ninguém prejudica
E a mentira conveniente, que exige pulitrica
Há a mentira maldosa, feita para destruir
E a mentira vantajosa, feita para usufruir
 

Mente o mendigo da esquina, mente o administrador
Pra cuidar do paciente, às vezes, mente o doutor
Mente o ladrão à polícia, mente a polícia ao ladrão
Mente a casta namorada, mente o fiel, mente o rufião 

A humanidade aprendeu que o certo é contar lorota
Pensando em levar vantagem, pois o outro é um idiota
E assim vão levando a vida com a mentira de permeio
Mesmo a vovó repetindo que mentir é muito feio 

 

Setembro de 2022

Nenhum comentário: