domingo, 10 de setembro de 2017




AS DESPEDIDAS DE PELÉ 
O próximo mês de outubro marcará 40 anos de despedida de Pelé dos campos de futebol. 
Pelé foi um verdadeiro ícone para as gerações passadas, embora não seja entendido ou devidamente apreciado pela geração presente, apesar da farta documentação existente em termos de filmes, livros e reportagens. 
Foram 21 anos de uma carreira exemplar, onde Pelé conquistou todos os títulos possíveis pelas equipes das quais participou. 
Sua estreia como jogador profissional se deu no dia 7 de setembro de 1956, quando ele tinha apenas 16 anos e substituiu o centro-avante Del Vecchio num amistoso em Santo André contra o Corinthians local. O Santos de Zito, Jair Rosa Pinto e Álvaro venceu por 7x1 e Pelé anotou o último gol da goleada depois de aplicar um chapéu no zagueiro e tocar a bola no contra-pé do goleiro, num gol muito parecido com os anotados contra País de Gales e Suécia na Copa de 1958. 
A "Era Pelé" foi marcada pela conquista de títulos regionais, brasileiros, sul-americanos e mundiais. Dos 17 Campeonatos Paulistas disputados de 1956 a 1973, o Santos de Pelé ganhou 12. Depois de Pelé, o Santos ganhou apenas 9 títulos em 39 disputas. 
Pelé se despediu três vezes para plateias e com finalidades diferentes. 
A primeira foi a despedida da Seleção Brasileira. Pelé se preparou com muita dedicação para participar da gloriosa campanha do tricampeonato em 1970 e deixou claro que abdicaria de uma possível convocação para a Copa de 1974. Ato contínuo, resolveu parar em 1971, e sua despedida com a camisa amarela se deu no dia 18 de julho contra a Iugoslávia no Maracanã, onde houve um empate de dois gols. Pelé não marcou - os gols foram de Rivellino e Gérson - e foi substituído no segundo tempo por Claudiomiro. 
Depois da despedida da seleção, Pelé se despediu do Santos. Isto aconteceu no Pacaembu em 2 de outubro de 1974 na partida em que o Santos bateu a Ponte Preta por 2 x 0. Aqui também ele não marcou, cabendo os gols a Claudio Adão e Geraldo (contra). 
Tudo indicava que esta seria a sua saída definitiva dos campos futebolísticos, mas problemas financeiros fizeram com que ele aceitasse um contrato com o New York Cosmos, pois empresários americanos decidiram apostar no crescimento do futebol nos EUA e contrataram alguns craques em fim de carreira para jogar, ensinar e trabalhar como Relações Públicas deste esporte pouco praticado e pouco considerado no país. Com Pelé ou depois dele foram contratados Carlos Alberto Torres, Franz Beckenbauer, Giorgio Chinaglia e outros, na tentativa de alavancar o futebol americano em termos de técnica e interesse. 
Pelé se despediu do Cosmos no dia primeiro de outubro de 1977, quando o New York Cosmos enfrentou o Santos em Nova York e venceu por 2x1. Pelé jogou um tempo com cada camisa e marcou o gol americano contra o clube que o revelou para o mundo. 
Entre 1958 e 2016 Pelé foi agraciado 27 vezes com prêmios que variam de Ballon D'Or (7 vezes), Atleta do Século (3 vezes) e Cavaleiro do Império Britânico em 1997 a Jogador de Futebol do Século (4 vezes), Laureus World Sports Award (indicado por Nelson Mandela) em 2000 e Ordem Olímpica em 2016 (maior condecoração do COI). Pela sua atuação em 1958 na Copa da Suécia, os franceses o proclamaram "Le Roi du Football". 
Enquanto o personagem Pelé é ainda reverenciado em todo o mundo por diversas personalidades, a persona Edson Arantes do Nascimento tem enfrentado muitas situações polêmicas. Suas declarações e atitudes são contestadas por muitos, embora algumas delas tivessem provado ao longo do tempo a sua verdade, como a aparente demagogia em favor das criancinhas em 1974 e a declaração de que "brasileiro não sabe votar" feita depois da reinstalação da democracia no país. O irreverente Romário chegou a dizer que "calado, Pelé é um poeta". 
Outubro é realmente um mês especial para Pelé e para Edson Arantes do Nascimento. Foi em outubro que Pelé marcou duas das suas despedidas e é em outubro (dia 23) que Edson faz aniversário. 
Este ano ambos farão 77 anos. 
  


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