segunda-feira, 4 de dezembro de 2017






Nota: Este artigo foi escrito para ser publicado em O Imparcial um dia antes da realização do sorteio em Moscou. 


SORTEIO DA COPA DO MUNDO

Na sexta-feira,dia primeiro de dezembro, foi realizado em Moscou o sorteio para o chaveamento da Copa do Mundo 2018. O Brasil ficou sabendo quais são as seleções que iremos enfrentar na primeira fase da Copa do Mundo da Rússia e hoje, portanto, ao ler este artigo, o leitor já conhece quais serão os nossos primeiros adversários.
Problemas com o fechamento da matéria me obrigaram a escrever antes da divulgação feita pela Fifa e a pular este capítulo, que será oportunamente melhor analisado com vistas às nossas pretensões e possibilidades de passar para as oitavas de final.
Enquanto isso, vamos fazer uma retrospectiva de como o Brasil se comportou na fase inicial em todas as cinco Copas que conquistou.
Em 1958, na gelada Suécia, o Brasil entrou como o mais promissor dos sul-americanos, mas perdia em favoritismo para a Alemanha Ocidental, que mantinha a sua base de 1954, quando ganhou o título, para a Hungria, derrotada na final de 1954, mas ainda considerada uma grande força,  para a União Soviética, cujos jogadores, amadores, haviam ganho o ouro olímpico em 1956 e para a Suécia, dona da casa. A Inglaterra sofrera um baque terrível com o acidente aéreo que havia vitimado alguns dos seus titulares, todos jogadores do Manchester United, e teve que refazer seu planejamento, incluindo alguns veteranos que haviam disputado o Mundial de 1950, no Brasil. Foram 16 equipes disputantes (12 da Europa e 4 das Américas). Os ingleses se enfraqueceram tecnica e psicologicamente, e ficaram pelo meio do caminho.
O grupo do Brasil era muito forte, contando com a União Soviética, a Inglaterra e a Áustria, mas terminamos a fase em primeiro lugar com 5 pontos em três jogos, junto com os soviéticos (naquele tempo a vitória contava apenas dois pontos).
Em 1962, no Chile, o Brasil entrou como um dos favoritos, ajudado pela mística de Pelé. O Uruguai, outro favorito por disputar a Copa praticamente em casa, decepcionou e foi despachado na primeira fase.  Os outros favoritos  - União Soviética, Alemanha Ocidental, Hungria e Chile (colocado nesta condição por ser o país-sede), seguiram em frente. O grupo do Brasil era novamente muito forte, pois contava com a Tchecoslováquia (contra a qual a gente disputaria a partida final), a Espanha  e o México. Pelé acabou se machucando na segunda partida e ficou fora do torneio. O Brasil terminou a fase novamente em primeiro, com 5 pontos em três jogos, finalizando com uma vitória sobre a Espanha numa partida em que os espanhóis reclamaram muito da arbitragem.
Em 1970, no México escaldante, com um regulamento diferente, onde as substituições passaram a ser possíveis e onde os cartões começaram a ser aplicados, o Brasil mais uma vez entrava como um dos favoritos e teve no seu grupo três países europeus - Inglaterra, Romênia e Tchecoslováquia. Terminamos a fase em primeiro lugar com três vitórias em três jogos, e seguimos em frente ao lado dos outros favoritos União Soviética,  Itália, Alemanha Ocidental e Inglaterra, para fazermos a final contra os italianos. A Copa marcou a ausência de países importantes naquele momento - Portugal, França, Hungria, Argentina e Espanha - que não conseguiram se classificar.
Em 1994, em pleno verão nos Estados Unidos, o Brasil voltava a se encontrar com o título após 24 anos de jejum. Foi uma Copa exaustiva devido às distâncias entre as sedes, o que provocou grandes viagens, e devido ao calor reinante durante os jogos disputados ao meio dia para fazer face às transmissões de TV em horários adequados para o resto do mundo. Apesar de o futebol ser um esporte de importância secundária nos Estados Unidos, esta Copa bateu todos os recordes de público, número mantido até os dias de hoje. O Brasil terminou em primeiro lugar com 7 pontos em três jogos, num grupo que tinha Suécia, Rússia e Camarões e seguiu rumo ao título jogando um futebol pragmático, forte na defesa e incisivo no ataque formado por Bebeto e Romário. A seleção inaugurava a "Era Dunga", onde abdicava de um futebol esteticamente bonito para se fixar no "futebol de resultados".
Em 2002 a Copa foi pela primeira (e única) vez disputada em dois países - Japão e Coréia do Sul. O Brasil disputou a primeira fase na Coréia, enfrentando Turquia, Costa Rica e China, que provavelmente se constituiu no grupo mais fraco que a seleção brasileira teve numa primeira fase  em todas as cinco Copas que venceu. Sem praticar um futebol envolvente, o Brasil passou por alguns sustos por esta etapa mas terminou com três vitórias em três jogos. Os favoritos - França, Argentina, Itália e Portugal - foram pouco a pouco decepcionando e sendo eliminados, ficando para a final duas seleções que chegaram na Ásia relativamente desacreditadas - Brasil e Alemanha. O Brasil tinha Rivaldo e Ronaldo, e eles fizeram a diferença.

         

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