quarta-feira, 9 de setembro de 2020

 



ENTRE O CINZA E O COR-DE-ROSA

(Augusto Pellegrini)

Olho o mundo cor-de-cinza
Com minhas lentes cor-de-rosa
E tento, com este artifício
Transformar todo esse vício
Em uma coisa vistosa

Mas quando ele é cor-de-rosa
E visto com lentes cinza
Ele vira coisa à toa
pois transforma as coisas boas
Num cenário de ranzinzas

Pessoas más e invejosas
Vistas no rosa das lentes
Deixam de ser perigosas
Ficam dóceis e decentes

E as pessoas de alta estima
Se vistas na cor cinzenta
Conseguem ser confundidas
Com uma alma peçonhenta

Tudo em volta é desespero
Mas meus óculos me falam
Pois convertem desmazelo
Em flores que amor exalam

Estes óculos de cores
Podem mudar a consciência
Transformando ódio em amor
E impiedade em clemência

Comecei a busca rósea
De um tesouro à deriva
Pra tornar mais atrativa
Esta vida de problemas
Me vi vivendo o dilema
Entre o fato e a expectativa

O que achei, lado cinza
Foi um destino, era incerto
Fui em frente, peito aberto
Não passei do desejado
Recuei, amedrontado
Sem ter salvação por perto

Foi terrível a experiência
De ver dois lados diversos
De uma só realidade
A partir da cor da lente
Vi dois mundos diferentes
A mentira e a verdade

Outubro 2018

 

 

 





 

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