quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

 


 À MODA DA CASA 

(marcha de Augusto Pellegrini - 1968)

 

Silenciosamente eu saio à rua

A manhã flutua

E o nevoeiro da noite passada passou

Silenciosamente cuido de mim

Num botequim

Cerveja preta gelada

E um misto quente na chapa

Indiferente

À moda e à marca da casa

 

Silenciosamente no barulho

Milhões de embrulhos

Pacotes muitos, laços cor de rosa nas mãos

Silenciosamente sons musicais

Sons guturais

São discos tocando alto

E gente ganhando a nota

Indiferentes

À moda da casa

 

O grande sucesso do momento

É de ciúme, de queixume

Ou puro ardume de amor

Com azedume eu saio à rua

Com coragem

Não é fácil enfrentar monstro-motor

À moda da casa eu vejo o caso

Com descaso

Por acaso eu sou alguém?

Não sei

Então eu sigo à moda da casa

Esqueço o caso num silêncio

Até que eu faço muito bem

 

Perigosamente o povo vive

Mais uma crise, mais uma virgem

Pétala de rosa no chão

Naturalmente sempre os dramas existem

E as damas insistem

A convidar na calçada

Ao menos lá na avenida

Indiferentes

Às coisas da vida

Nenhum comentário: